Hospitais públicos da cidade de São Paulo estão recebendo intervenções artísticas de palhaços pela internet. Com o apoio de profissionais de saúde, os Doutores da Alegria inauguram as visitas virtuais no Hospital M’boi Mirim, na zona sul, e no Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci), no centro. O Instituto da Criança, que faz parte do Hospital das Clínicas, deve iniciar a ação ainda em agosto.
Depois de mais de 28 anos realizando intervenções presenciais duas vezes por semana em cada hospital, a associação Doutores da Alegria precisou se adaptar às restrições impostas pela pandemia.
A primeira ação foi o Delivery Besteirológico, série de vídeos criados pelos artistas em confinamento, com foco no público hospitalar. Mais de cem vídeos já foram publicados na Tv Doutores. A seguir vieram as lives quinzenais, em que os besteirologistas puderam estar em contato com o público nas redes sociais, a websérie de São João e o primeiro festival virtual da associação – o Festival Miolo Mole.
Em maio, a diretoria da associação iniciou um diálogo com os hospitais parceiros em São Paulo. “O propósito dessa conversa foi entender como a pandemia estava impactando o hospital, os pacientes e profissionais, além de verificar de que forma Doutores da Alegria poderia apoiar o hospital nesse momento tão sensível.”, diz Daiane Carina, diretora de Relações Institucionais.
Foi a partir desses diálogos que teve início o projeto piloto Plantão Besteirológico em parceria com o Hospital M’boi Mirim. Nessa ação, uma dupla de palhaços interage online e ao vivo com pacientes por meio de um celular ou tablet, conduzidos pelas alas por uma equipe do hospital. A atividade é acompanhada pelo coordenador artístico David Taiyu.
“Foi uma emoção muito grande voltarmos ao trabalho que estávamos habituados a fazer. De repente estávamos andando pelo hospital, revendo os corredores por onde passávamos e encontrando novamente os profissionais paramentados circulando.”, conta Vera Abbud, a palhaça Emily.
Os pacientes visitados e o tempo das intervenções são determinados pelos profissionais de Psiquiatria e de Psicologia, que são sensíveis aos movimentos internos, nem forçando um encontro nem alongando uma intervenção. “As psicólogas entendem o encontro e mediam muito bem nossas visitas. Estamos em boas mãos, literalmente.”, comenta Vera.
A ação exige, além da cooperação entre profissionais, o uso de tablets e uma internet de qualidade. E enquanto o vírus não dá sinal de trégua, Doutores da Alegria se mobiliza para viabilizar o Plantão Besteirológico nos outros hospitais parceiros. Tudo para que a relação entre palhaços e pacientes possa estar viva mesmo em tempos de distanciamento social.