O garoto de 10 anos caiu da bicicleta descendo uma ladeira. Estava bem machucado no primeiro dia em que nos encontramos no hospital e não conseguimos interagir muito. Ele sentia dores e, nessas horas, o palhaço se apresenta, observa um pouco e diz que volta em poucos dias.
Conforme a promessa, dias depois lá estávamos eu e Dr. Valdisney para ver o garoto. É impressionante a força que uma criança pode ter: depois de três dias do acidente (e descobrimos que foi pouco mais que um tombo de bicicleta), ele estava animado e parecia que nada tinha acontecido.
Iniciamos o atendimento virtual pelo tablet, com apoio de uma profissional do Hospital do Campo Limpo. Perguntamos se ele tinha notícias da bicicleta, se ela passava bem e onde estava internada. Ele tinha esquecido completamente da bike e sua mãe não sabia de nada —iam atrás das informações e saberíamos tudo na próxima visita.
Contei que já tinha sofrido um acidente parecido, só que no meu caso tinha sido ao contrário: quem se machucou foi a bicicleta, que ficou pela metade, arranhada e com pneus furados.
Aos pedidos do Dr. Valdisney, corri, em minha casa, para pegar e mostrar o que restou da bike. Ela ficou com uma roda só, parecendo aquelas de circo (mais conhecidas como monociclos!).
Valdisney pediu uma demonstração. Eu me preparei, respirei fundo e, ao tentar me equilibrar em uma roda só, tomei um tombo daqueles… Foi barulho para todos os lados, cartola voando e roda no ar!
Na tela, apenas minha gravata borboleta presa à boca, cartola do avesso, mão enroscada na roda. Valdisney teve que encerrar a consulta e sair para me socorrer, prometendo que na próxima visita traria notícias também.
No terceiro encontro, o garoto e a mãe estavam no corredor, sentados no banco, ansiosos para contar sobre a bicicleta e até fizeram um mistério, olhares de conta-ou-não-conta —confesso que até ficamos preocupados.
Aí veio a notícia: a bicicleta passa bem, não teve arranhão ou pneu furado e ficaria um tempo na casa do primo. Puxa, bicicletas têm primos? O menino disse que em breve estariam juntos de novo, pois a cirurgia foi sucesso e ele estava de alta.
Desejamos que eles fossem “bem indos” e que, quem sabe, nos encontraríamos no parque dia desses para uma pedalada.