Minha gente, vejam se não é mais ou menos assim: quando a gente conhece alguém, qual é a primeira coisa que a gente quer? Conhecer mais ainda essa pessoa, né?
Comigo, é assim. Com Lui deve ser também. É que a gente quer ver e ouvir a pessoa, saber o que ela faz, onde mora, o que come, etecetera e tal e o que mais puder. Daí que vocês podem achar que somos uma dupla de bisbilhoteiros, curiosos e investigadores.
Hummm… É, deve ser isso mesmo! Mas é que, pra gente, isso quer dizer interesse, entende?
Estar interessado em saber do outro é algo raro hoje em dia. Muito se quer saber de coisas e assuntos, porém, querer saber do outro é nosso trabalho. Sinto que é como se ter amigos e se aproximar de pessoas tenha virado artigo de luxo.
Bem, todo encontro com Nat é assim: nós curiosos por ela e nada de ela falar com a gente.
Pode ser que Nat não queira nossa presença, já consideramos. Acontece que ela ri. Ri tímida, com a mão na boca, às vezes, mas ri. Não tira o olho da tela. Ficamos buscando formas e desformas de arrancar alguma coisa a mais.
É música? A gente tem!
É poesia? Lui manda bem!
É elogio? A gente vai de assobio!
É piada? A gente vem com uma enxurrada!
Agora perguntem se tem jeito. Tsc-tsc. Nada demove Nat daquele sorriso tímido-misterioso-analista-acanhado-contemplador-sabido-curioso-risonho e sei lá cadê mais adjetivos.
Perguntamos se ela queria que a gente fosse embora. Se assim fosse, seria mais fácil porque ela poria fim nesse faniquito interno, dizendo um “sim” bem sincerão.
A gente ficaria triste, choraria um pouco, no entanto, superaria. Mas, com a cabeça, Nat disse “não”. Reparem, a danada é boa de mistério.
Tem horas que acho que Nat deve é rir da gente, pensando no quanto somos bestas de nos gastarmos e nos aperrearmos tanto. Talvez ela nunca tenha visto nada igual: dois palhaços, formados em Besteirologia, dentro de um tablet. Há de se convir que é muita informação.
Noutras horas, cá com meus botões, penso que ela gosta da gente, tipo gosta mesmo, se agrada da nossa presença, só que não vê nenhuma necessidade de dizer, sabe?
Daí, eu me pergunto: e precisa? Talvez ela diga tanta coisa com o olhar dela e a gente, aqui, azoretado, em vez de se deixar levar pela sua sutileza.
Pensando bem, tem um templo naquele sorriso de Nat, onde podemos nos conectar com outras minúncias e particularidades de um encontro.
E, em vez de tanto procurar, a gente tem a alternativa de apenas permanecer e se unificar ali.