Já faz algum tempo, anos, pra ser mais impreciso, que percebo que, às vezes, numa enfermaria de hospital, algumas camas estão vazias. Sempre pensei que a criança tivesse saído para ir ao banheiro ou à brinquedoteca. Pois pasmem, não é nada disso.
Era uma manhã de segunda-feira e andávamos no lado esquerdo da enfermaria pediátrica, onde há quartos com seis leitos. Foi lá que nos deparamos com uma cama vazia. Havia apenas o cobertor e um brinquedo.
Ficamos intrigados como o fato e perguntamos para as outras crianças do quarto:
– Tem alguém nesta cama?
As crianças responderam:
– Tem um menino aí!
A cama estava vazia. Será que o paciente tinha fugido? Seria um truque da mente? Um sonho? Nós, Dr. Mané Pereira e Dr. Pinheiro, estávamos pensando em volta da cama quando surgiu o doutor Tito, médico do Hospital Santa Marcelina.
– O que os senhores acham?, perguntou ele.
Para não parecer mais ignorante, respondi à pergunta dele com outra:
– O que o senhor acha, Dr. Pinheiro?
– Prefiro não comentar!, respondeu o besteirologista, cauteloso.
Então nós três observamos a cama, refletimos, nos olhamos e concluímos:
– Acho que o filho do Homem Invisível está bem!
– Sim, vamos dar alta pra ele, prontamente disse o Dr. Tito.
– Só se for imediatamente ou já!, acompanhou Pinheiro.
– Que bom podermos discutir este tipo de caso raro na Medicina…, finalizou o médico.
Então pensei em algo inteligente para concluir:
– Colegas, a Besteirologia é baseada em evidências.
Quando olhei para o lado, eles tinham ido embora. Inclusive o menino invisível.
Dr. Mané Pereira (Márcio Douglas)
Hospital Santa Marcelina – São Paulo