É cada coisa que acontece no hospital! Às vezes, pensamos que só podemos mesmo estar num circo, porque é sempre um palhaço ou outro na nossa frente… Não é verdade, Dr. Dud Grud?
A boa da vez aconteceu na UTI Pediátrica do Hospital Oswaldo Cruz. Em meio aos nossos atendimentos besteirológicos, a mãe da V., apontando para uma cadeira, disse:
Ô, Baju! Senta ali naquela cadeira!…
Por quê? O que fiz de errado? É algum castigo?
Não, é que a mãe da E. sentou lá e agora ela está grávida!
Você tá querendo me dizer que ela está grávida só porque ela sentou na cadeira?
Ela balançou a cabeça.
Isso não existe, minha gente! Só faltava essa!… Uma cadeira mágica!
O Dr. Dud Grud me provocou:
Tá com medo de sentar na cadeira, é, Baju?
Eu não! Simplesmente, Dud, essas coisas não existem!
Então, senta! – gritou a mãe da V.
É, senta! – insistiu o Dr. Dud Grud.
Então, resolvi sentar e… Nada aconteceu. Mostrei para todos que nada tinha acontecido. Mostrei para a E, que vê tudo atentamente, e ela concordou comigo. Na semana seguinte, enquanto trabalhávamos, eu passei a ter uma sensação estranha na barriga. O Dr. Dud Grud já foi avisando:
Olha aí, Baju, você tá grávida! A cadeira funciona!
Dud, que cadeira o quê! Se eu estivesse grávida, a minha barriga estaria grande porque um bebê só cabe em barriga grande!
Continuamos o trabalho sem nos deixar afetar pelas constantes manifestações dentro da minha barriga. Era algo que não se sabe explicar, mas a única coisa mais próxima e possível de descrever é que era como se eu tivesse engolido uma bola e ela estava passeando pra lá e pra cá. Era um agito tão grande, um reboliço tão danado que era impossível imaginar que tinha alguém dentro da minha barriga e que esse alguém fosse capaz de fazer uma festa tão badalada sozinho.
Tudo isso já estava me deixando tensa, pois não podia trabalhar sossegada.
De repente, surgiu uma enfermeira cantando na nossa frente. E cantava tão lindamente que todo o meu pensamento só se voltou para aquele momento lindo. Ela é uma verdadeira artista. Aliás, esse é o meu grande sonho na vida: ser artista! Pois bem, vendo a enfermeira exibir toda a sua habilidade, eu quis imitá-la – pois dizem que é cantando que o mal toma um susto e sai correndo! – e foi aí que cheguei nos agudos e fui subindo, subindo, subindo, subiiiiiindooooooooo…
E a força foi tão grande que, do nada, botei um ovo. Isso mesmo! Botei um ovo, digo, pari! O Dr. Dud Grud espantou-se:
Tô chocado!
Achei boa a ideia e pedi que ele chocasse o meu bebê. E se é um ovo, ou uma ova, não importa! Importa mesmo é que nasceu!
Dra. Baju (Juliana de Almeida)
Dr. Dud Grud (Eduardo Filho)
Hospital Oswaldo Cruz – Recife
Maio de 2013