Profissionais da saúde usam máscara, aí, a gente olha para eles/elas e fica se perguntando que cara eles/elas fazem quando olham pra gente? É que no Hospital Getulinho tem todo tipo de profissional.
Tem aquele tipo que curte diversão e não pode ver a gente que já sai falando alto, cantarolando e, pasmem, rebolando pelos corredores do hospital… Nem precisa tirar a máscara para sabermos o que pensa de nós.
Tem também o tipo que curte um encantamento, que não se aproxima muito e fica olhando de longe. E por mais que a máscara nos impeça de ver o rosto todo, ele/ela dança e curte os palhaços quando tudo dá certo e a criança ri.
Por cima da máscara, os olhos revelam um brilho seguido de movimentos onde os ombros ficam quicando, nos dando o diagnóstico de riso frouxo por baixo da máscara.
E, por fim, temos o mais difícil tipo que definiremos em uma palavra: TIMIDEZ. Chegamos aos locais e o que fazem? Se escondem!
Flagramos olhares de canto de olho durante o nosso trabalho, também conhecidos como revesgueio, que nos acompanham à distância.
Observamos que esse tipo se mantém, com muito esforço, inexpressivo e com um corpo imóvel, como uma estátua que quer ser observada sem muita aproximação e interatividade. Aqui nasce nossa dúvida: que cara eles fazem quando olham pra gente?
Geralmente, quando nos desfazemos de nossos trajes de trabalhos, nos disfarçamos de pessoas sérias para irmos embora do hospital.
Quando cruzamos com esses profissionais pelos corredores, geralmente nos olham com cumplicidade, e alguns até nos dizem coisas como: “Agora tá quietinho, né?” ou “Nossa, como você é diferente!”. Nesse momento eu respondo só com um sorrisinho.
Como estou saindo do hospital: estou de máscara. E a equipe multidisciplinar é que fica com a dúvida: que cara eles fazem quando olham pra gente?