O garoto tem aproximadamente dois anos e está há vários meses internado.
Seu estado oscila bastante. Sabemos quando ele está bem (ou menos pior) por meio de uma reação bem precisa do garoto: o berro desenfreado, estridente e descontrolado que ele emite a cada vez que lhe dizemos “tchau”.
Quando sua reação é o grito, ele está em seus melhores dias. Caso contrário, seu abatimento é visível e desconsolador. O problema é que, nos melhores dias, o tradicional e ensurdecedor berro tira a paciência da mãe e de seus vizinhos de quarto.
Para evitar o incômodo, nós, palhaços, decidimos não mais dizer “tchau” e nem esboçar qualquer menção à nossa despedida. Assim, cada vez que temos que sair do quarto, acabamos por camuflar nosso “tchau” em uma série de “ois”.
Conseguimos ir embora como se estivéssemos chegando. Por incrível que pareça, essa astúcia absurda tem dado resultado: os gritos e choros do garoto diminuíram.
Dr. Zequim (Nereu Afonso)
Hospital Geral do Grajaú – São Paulo