No final do corredor do hospital, avistamos um menino brincando sozinho. Claro que fomos até ele.
– O que vocês estão fazendo aqui?, ele perguntou.
– Ué, viemos te atender, nós somos doutoras!, responderam prontamente as besteirologistas Mary En e Svenza.
– Mas e esse nariz aí?
– Ué, já nascemos assim. Você também não tem nariz?
– Mas não é um nariz de verdade. E vocês não são médicas!
– Então, se não somos médicas, somos o quê?
Elas esperavam a resposta clássica – “palhaças!” – quando ele surpreendeu:
– Bonecas!
As duas se olharam com a maior vontade de rir. Sabendo da sua condição de “não médica”, e agora “não palhaça”, mas “boneca”, Mary En pegou seu apito.
– Bonecas apitam?, perguntou ao menino.
Ele balançou com a cabeça que sim. Mary En começou a apitar em todo lugar.
– Bonecas dançam?
– Sim!
E as duas se puseram a dançar. O garotinho ficou olhando as duas irem embora pelo corredor; presos, os três, pelo olhar e pela imaginação: as palhaças dançando e apitando, e ele observando de longe.
Quando elas já estavam sumindo de sua vista, ouviram ele dizer à enfermeira:
– Elas são bonecas!
Dra Mary En e Dra Svenza (Enne Marx e Luciana Pontual)
Hospital Universitário Oswaldo Cruz/Procape – Recife