Hoje quero falar sobre “Crianças x Tecnologia”.
Em qual idade as crianças podem ter acesso às telas? Por quanto tempo? Que tipo de conteúdo deve ser apresentado a essa criança? Essas são apenas algumas das indagações que permeiam esse assunto de tamanha relevância para o mundo atual, não é mesmo?
E é obvio que, quando entramos num quarto no hospital, nos deparamos MUUUUUITAS vezes com crianças e seus aparelhos eletrônicos. Óbvio que existem as exceções, como toda regra, mas, na grande maioria das vezes, as pequenas e os pequenos ficam um tanto quanto entretidos no mundo virtual.
Outro dia, por exemplo, entramos em um quarto onde havia dois garotos, de aproximadamente 11 ou 12 anos. Eles estavam deitados em suas camas, um de frente para o outro, cada um com um celular em mãos.
Quando entramos, já fomos logo falando para o garoto que estava à esquerda:
– Bom dia! Nós somos da equipe médica besteirológica, podemos conversar?
Tivemos um intenso silêncio como resposta. O garoto não tirou os olhos do seu aparelho celular. Nós nos olhamos e entendemos que ali não iria rolar muita coisa.
Seguimos para o garoto que estava à sua frente. Começamos diferente:
– Nossa… você viu como está fazendo sol lá fora hoje?
Tal qual não foi a surpresa, o garoto sequer olhou para a janela e continuou ali no celular. Entendi que esse não era o momento, tudo bem… Ficar no celular é legal, eu também gosto!
Já estava decidia a ir embora, até que Dr. Fritz fez a seguinte pergunta:
– Vocês estão conversando pelo celular?
Estávamos certos de que ouviríamos o som do silêncio como resposta novamente. Eis que, sincronizadamente, os dois garotos responderam:
– Não! Estamos jogando!
– Uau, jogando? – dissemos animados, pois estavam conversando com a gente.
– Posso jogar também? – perguntei, tentando me enturmar.
– Você não tem celular, não pode jogar! – apontou um dos garotos.
Foi então que saquei meu bloquinho de papel e desenhei um celular. Dr. Fritz por sua vez, foi até a cama dos garotos para ver de perto qual era o jogo que eles estavam jogando.
– Dra. Pamplona, eles estão jogando um jogo de avião. Aí do seu celular precisa sair um avião para poder jogar.
Dr. Fritz, pegou então uma folha de meu caderno e fez um avião. Logo em seguida, eu já dei uma folha para o menino que estava à direita, que deixou o celular de lado e se pôs a fazer um avião.
Logo em seguida, o garoto da esquerda já soltou o celular e fez o seu avião de papel. As mães dos meninos fizeram seus aviões também e ali começamos a jogar aviões de papel uns nos outros.
Um dos médicos residentes, muito parceiro, passou no corredor e viu que estávamos brincando de atirar aviões. Ele então parou na porta e brincando com a gente disse:
– Posso saber que bagunça é essa?
Nós não pensamos duas vezes, nos olhamos e gritamos:
– O chefão!!! Precisamos acabar com ele!
Começamos a lançar todos os aviões em direção ao residente que, por sua vez, continuando na brincadeira, fingiu que estava sendo derrotado no nosso videogame analógico.
GAME OVER!!!