Fevereiro Fervereiro! Senhoras e senhouros! Fevereiro começou fervendo! Eu, Dra Pororoca, e o Dr. Charlito, agora besteirologistas do Hospital Santa Marcelina, começamos contamos os fatos do mês:
O silêncio e o olhar
B., um menino de olhos grandes e suave,s estava sozinho no corredor da Oncologia.
Ao perceber a nossa chegada, ele recuou; encostou-se junto à parede como quem quer ficar ali grudadinho, seguro. Ele tinha medo, estava só, mas também tinha curiosidade, interesse e nos acompanhava somente com o olhar. Em cada quarto que entrávamos, logo aparecia sua cabecinha curiosa na porta, querendo ver, descobrir, entender, mas sempre em silêncio, mantendo a distância segura!
Quando chegamos em seu quarto, onde nosso encontro seria inevitável, experimentamos nossas “pílulas voadoras de limpeza do ambiente” como uma tática de acesso e para nossa surpresa, ao ver uma de nossas bolhas, B. não hesitou e deu um chute, que imediatamente identificamos como um belo gol!
A comemoração foi imediata, ele mesmo se surpreendeu e todos vibraram com o feito. Mas o B. ainda continuava em silêncio, olhando e mantendo a distância segura para poder estabelecer uma relação. Quando saímos da Oncologia, ele, da porta do seu quarto olhava acompanhando nossa saída até o fim, virando o pescoço e esticando os olhinhos para nos ver sumir no corredor. Sempre em profundo silêncio.
….
E na hora do almoço: surpresa! B. estava lá com sua mãe, tinha recebido alta e ia embora pra casa. Seu silêncio agora sorria e até falava. Seja bem ido, menino B.!
Ai ai ai, ui ui ui
F., um garotinho da Pediatria estava chorando muito de dor.
Aaaai ai ai, dói muito, lamentava ele entre gritos e lágrimas.
Quando entramos em seu quarto, optamos por entoar o melô do dolorido. Era um tal de “ai ai ai” pra lá, um “ai ai ai pra cá” e no fim: pow!… A Dra Pororoca empolgada com a coreografia acertava em cheio o Dr. Charlito.
E o menino? Ele ria, mas ria tanto que parecia que ia acabar fazendo xixi! E claro, pedia bis. Depois de algumas repetições tivemos que suspender o tratamento, porque todo mundo sabe que riso frouxo solta bexiga. Ai ai ai ai ai ai!
Samba Lelê
Tem bailarina no Santa Marcelina! S., uma menininha muito esperta, dançou com coreografia e tudo, para quem quisesse ver e ouvir a música Samba Lelê. Foi um espetáculo à luz do dia, com direito a aplausos de pé. Uma palma de salvas para ela!
Bem, senhoras e senhouros, esperamos que tenham apreciado nossas aventuras e que possamos compartilhar mais gostosuras. Que seja doce!
Dra Pororoca (Layla Ruiz)
Dr. Charlito (Ronaldo Aguiar)
Hospital Santa Marcelina – São Paulo
Fevereiro de 2013