“Estado de completa desordem, confusão de ideias, bagunça, desorganização mental ou espacial, sistema sem estabilidade”. Essas são algumas das definições para a palavra “caos” no dicionário.
Qualquer semelhança com 2020 não é mera coincidência. Se, por um lado, parece que ano passou len.ta.men.te, de repente estamos em 2021. Esse ano maluco, de altos e baixos, chegou ao final.
Às vezes a altura é tanta que temos uma incrível vertigem que nos impossibilita de ver a um palmo de distância. Por mais assustador e misterioso que pareça a altitude, no entanto, inegavelmente ela nos traz algo de frescor.
Por outro lado, quando estamos no baixo, as coisas parecem um bocado asfixiantes, como se o que houvesse acima pesasse tanto que quase (e ainda bem que é quase!) nos acostumamos com tamanho desconforto.
Apesar dos pesares, a ‘baixesa’ -nesse ano me permito até criar palavras- nos apresenta também a firmeza. É a firmeza que alimenta nossos impulsos para saltos e vôos em direção ao alto ou, pelo menos, o não tão baixo.
Quantas perspectivas diversas nesse ano de tantos isolamentos (pessoais, políticos, profissionais, sociais, afetivos…). Nós, da Doutores da Alegria, saímos do micro universo dos quartos de hospital e fomos diretamente para a macro galáxia das redes sociais. Ainda sinto reverberar nos meus pulmões o ar rarefeito dessa súbita transição.
Há alguns meses, no entanto, chegamos mais perto dos leitos de hospital, dos pacientes e dos profissionais de saúde e batemos em suas portas através de novos meios de transporte: os tablets. Engraçado pensar nessas visitas virtuais ao hospital como um oásis, uma ilha ou mesmo uma ponte entre o macro e o micro, entre a presença e a ausência, o virtual e o presencial.
É muita mudança para pouco ano, é muita mudança para muitos corpos e, certamente, é muito paradoxo para nossas mentes. Tenho a impressão de que esse ano exigiu uma sabedoria mais intuitiva.
Quando isso tudo passar, olharemos para 2020 com um pouco mais de entendimento e, talvez, as coisas até recebam outros sentidos e contornos. Por ora, aceito a incompreensão e os desafios profissionais e pessoais como parte de um processo de muitos “eus” que não sei mensurar em palavras ou emoções.
Sigo vivendo de altos e baixos as delícias, angústias e descobertas desse ano literalmente caótico.