O nariz faz o palhaço ou palhaço faz o nariz? O jaleco faz o médico ou o médico faz o jaleco?
O fato é que chegando ao hospital tudo já parece diferente para nós. Mesmo sem o nariz, já respiramos outros ares. Sem maquiagem, disfarçado de “pessoa física” ou com o nariz de besteirologista é inevitável um outro olhar na portaria, nos corredores, no elevador…
– Oi, Micolino!, grita o garoto.
Não sei ao certo como as celebridades fazem para se disfarçar, mas definitivamente os grandes óculos escuros não têm contribuído muito, precisamos aprimorar a técnica do disfarce. E é inevitável também, enquanto subo o elevador, ir anunciando os andares:
– 1º andar: cama, mesa e banho, 2º andar: roupas íntimas, 3º andar: eletrodomésticos!
Já que o disfarce nada disfarça, então que vivamos a experiência de disfarçar um pouco a realidade à nossa volta com um olhar diferente para as coisas. A máscara não está no nariz, mas no modo de olhar.
E foi olhando diferente que o ritmo bateu mais forte nesse mês de trabalho. Nos setores que visitamos, fizemos uma avaliação do batimento de todos os pacientes, impacientes, equipe de profissionais e acompanhantes.
Em um dos setores tivemos os campeões do “tic-tac do coração”: o N. e a enfermeira, que entraram no compasso!
Com isso, chegamos ao veredicto final: o N. já podia bater seu tic-tac noutras bandas, aliás, em altas bandas… Soubemos que ele já estava de alta! Viva!
Dr. Micolino (Marcelino Dias)
Hospital Oswaldo Cruz/Procape – Recife