Depois de uma manhã de trabalho, encontrei a mãe de um paciente que lutava há mais de um ano contra o câncer.
Olhava para o seu rosto e só enxergava felicidade porque ela tinha acabado de receber o diagnóstico de que seu filho estava curado. Aproveitamos que estávamos próximos ao restaurante do hospital e, com um copo de suco, brindamos à vida.
Ela começou a relembrar um fato que me deixou pensativo…
Contou que teve um período da internação de seu filho que foi difícil, pois ele estava com a imunidade muito baixa e precisou ficou em isolamento na UTI. Ela tentava animá-lo e ele dizia para deixá-lo quieto porque “ele iria morrer mesmo“.
Nesse mesmo dia os besteirologistas apareceram na UTI e foram autorizados a entrar no quarto dele com aventais e máscaras descartáveis. Fizeram um combate de MC’s para ver quem fazia a melhor rima, pois era o que ele sabia fazer de melhor!
Em um curto espaço de tempo, parecia que tudo tinha mudado e aquele garoto aparentemente abatido, “à beira da morte”, agora morria de rir com as rimas atrapalhadas dos palhaços.
Depois de ouvir esse relato, tive a noção de que por muitas vezes não damos conta do que acontece minutos antes dentro de um quarto. Isso merece um brinde…
Porque ouvir isso de uma mãe, em mim, também gera vida!
Dr. Mingal (Marcelo Marcon)
Hospital Santa Marcelina – São Paulo