Para alimentar o nosso Delivery Besteirológico, precisamos de ideias novas a cada semana. Em uma delas, pensei em uma paródia com o nado sincronizado, aquela dança linda que atletas fazem na piscina, em que ficam com as pernas para o ar.
Bem, meu vídeo chamaria “Nada sincronizado”. Enchi a piscina em casa, preparei o cenário, coloquei o figurino, liguei a câmera e…
Nem sempre é fácil traduzir para o corpo o que a cabeça está pensando. Depois de tentar algumas vezes, acertar e errar, entendi que era o momento de parar e respirar. Sentei e, no vazio, comecei a escrever as sensações que borbulhavam dentro.
Ter consciência do fracasso e ressignificá-lo é um caminho necessário e para mim é motivo de orgulho. Engraçado falar de fracasso e orgulho assim, juntinhos.
Mas para ter fracassado, precisei ter tentado muito. Óbvio que eu queria ter sido brilhante na execução da ideia, mas não ter conseguido me fez olhar para outros caminhos, enxergar outras possibilidades.
No dicionário, “fracasso” significa ausência de sucesso; ação de fracassar, de não obter o que se pretendia, derrota, barulho, estrondo. Para o palhaço, fracasso significa possibilidade de jogo, recomeço.
Sabe, isso acontece quando estamos no hospital. Às vezes, preparamos alguma coisa, chegamos com a ideia e o resultado nem sempre é o esperado. O encontro com cada criança traz frescor e estímulos para estarmos presentes e disponíveis para o que tiver que acontecer. Se eu vou com uma ideia pré-estabelecida, é mais provável que eu não escute a criança ou o que a situação sugere naquele momento.
Ao abrir a porta do quarto, tudo parece querer comunicar e a primeira coisa que aproximamos é o olhar. O vazio vai sendo preenchido pelo improvável. E o risco de não saber o que vai acontecer é combustível para querer voltar, surpreender e ser surpreendido a cada novo encontro, a cada novo nada. Nada sincronizado.