“Foi sem dúvida um evento extraordinário em minha vida. Obrigado pela oportunidade e pela experiência.”
Este é o final de um depoimento que chegou pra gente. Parece até de alguém hospitalizado, mas na verdade é do Marcio de Souza, aluno que participou de um curso dos Doutores da Alegria em Recife. O Marcio trabalha no Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente da Polícia Civil de Pernambuco e nos tocou muito com suas palavras.
O curso era O palhaço pelo buraco da fechadura, que se propunha a investigar a lógica incomum e a liberdade com que o palhaço se relaciona com a vida. Pra quem não sabe ainda, Doutores da Alegria ampliou suas atividades e trouxe o olhar e a experiência do hospital para a sala de aula. A ideia não é formar ninguém pra trabalhar com crianças hospitalizadas, e sim aprender sobre a nobre arte do palhaço, além de propor uma nova relação a partir do encontro com o outro.
Eis o depoimento completo:
“Caros amigos,
Foi uma experiência ímpar vivenciar a construção do palhaço, ou a descoberta do que é ser palhaço. Sempre flertei com as artes em geral, seja como apreciador de obras literárias, cinematográficas, musicais; ou como pretenso criador de poemas, contos, crônicas e até um romance (não publicado).
Mas sempre como hobbies e, na verdade, acabei me afastando um pouco do processo de criação artística por conta de compromissos profissionais, familiares e ações “objetivas” do mundo “real”, que obscureceram um pouco esta minha relação com o imaginário. A vivência no curso representou para mim a possibilidade de um retorno a uma intimidade com o imaginário, da qual, como já disse antes, afastei-me. Abriu para mim possibilidades de mergulhar neste universo libertário da imaginação, da fantasia e da simplicidade do “pastelão” e do nonsense.
Minha realidade de atuação, no Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente da Polícia Civil de Pernambuco, é bem parecida com o que se vê em alas hospitalares de Pediatria, pois lidamos também com crianças feridas e machucadas (não só concretamente, mas também subjetivamente), vítimas em geral de crimes de violência doméstica e abuso sexual intra familiar e que necessitam também de conforto e ações que as ajudem a superar tais ferimentos.
Desde já manifesto meu desejo de participar de novas oficinas que por ventura venham acontecer, que me permitam viver e deixar solto o palhaço que, talvez, sempre fui, mas que obscureci por motivos tantos…
Paz e sorrisos,
Marcio de Souza.”
Em cursos como este, pessoas heterogêneas aparecem com expectativas comuns. Querem ampliar sua percepção, sair de sua zona de conforto, estar disponível para os encontros da vida. Marcio nos surpreendeu pelo olhar que revelou em relação às crianças. Puxa, obrigado! <3 <3 <3