Na porta do quarto da M., de 9 anos, tinha uma plaquinha que ela mesma escreveu dizendo assim “Não estou legal”, e ainda tinha o desenho de um emoji com essa carinha: .
Perguntamos se poderíamos entrar e, apesar do aviso na porta, ela acenou positivamente. Ela estava encolhidinha na cama, sentindo algum mal-estar devido às medicações, e sentindo dor.
Mesmo assim ela quis nos receber. Nós sempre respeitamos a vontade das crianças, se M. não quisesse nos ver, iríamos embora e voltaríamos num momento mais apropriado.
– Foi você mesma que fez a plaquinha de aviso? Ela está linda, ficou muito bom o emoji que desenhou. Às vezes, não nos sentimos legais mesmo, é sempre bom avisar – disse a Dra. Emily para ela, que só respondeu que sim, movimentando a cabeça.
– Ei, essa ideia é muito boa, o que acha de desenharmos outros emojis, para outras situações? Só que podemos pendurar em nosso próprio rosto – eu sugeri à pequena M., que mais uma vez respondeu somente com a cabeça que sim.
Então tirei de meu bolso um bloco de notas e uma canetinha, e disse que iria desenhar um emoji que serviria tanto para quando estivéssemos felizes como para quando estivéssemos tristes.
Desenhei um arco, como a boca de um emoji feliz e coloquei em frente da minha máscara cirúrgica, de modo que pareceria ser minha boca sorrindo.
– Olha só, assim eu tô sorrindo, se eu viro o papel invertendo a boca assim, parece que estou triste.
– Nossa que legal – disse a Dra. Emily – dá pra fazer emoji de tudo, me empresta um papel.
E lá foi a Dra. Emily desenhar também seu emoji, ela desenhou o focinho de um gato.
– Ficou legal? – Perguntou a Dra. Emily para M., que continuava respondendo somente com a cabeça, mas nem por isso desinteressada.
Começamos a desenhar outras possibilidades, como, por exemplo, emojis para os olhos: olhos bravos, olhos de gato, olhos do homem aranha, máscara do Batman, barba de Papai Noel, focinho de coelho, orelha de cachorro, tromba de elefante, chifre de unicórnio e mais uma infinidade de emojis.
– Pronto, agora você tem emojis para todas as situações. Você quer que deixemos aqui para quando precisar? – Perguntamos à M., que desta vez respondeu com sua voz.
– Quero sim, obrigada.
A M. realmente não estava num dia muito legal, o que é muito compreensivo. Naquele dia ela não mudou o status do emoji da porta de seu quarto, mas sua carinha já estava melhor, esboçou até um pequeno sorriso.
Espero que nos próximos encontros possamos ter motivos para estarmos todos mais sorridentes.