Nos anos 90, no início do trabalho dos Doutores da Alegria, os hospitais brasileiros tinham uma estrutura diferente do que vemos hoje – não havia, por exemplo, diferenciação entre a ala infantil e a ala adulta.
A proposta de levar um palhaço para dentro do hospital era muito inovadora porque a ideia que as pessoas tinham era a do palhaço de circo, acostumado a lidar com grandes plateias. O que um médico acharia de uma figura como esta entrando em um quarto de uma criança debilitada? Vocês podem imaginar.
Mas Wellington Nogueira tinha visto o surgimento dessa atividade em Nova York e tinha certeza de que o trabalho traria resultados se o artista fosse inserido no ambiente hospitalar como integrante do quadro profissional – e não como um visitante, com um trabalho pontual em uma data comemorativa.
Foi assim que ele apresentou o “besteirologista”, o palhaço que fazia a paródia do médico, e convenceu as diretorias hospitalares e os profissionais de saúde de que era uma tarefa permanente.
No final da década, o Estatuto da Criança e do Adolescente já avançava e garantia direitos como a presença de um acompanhante junto às crianças hospitalizadas. Na mesma época, o Programa Nacional de Humanização trazia novas diretrizes para os hospitais e reconhecia os benefícios da intervenção do palhaço.
Em 1997 Doutores da Alegria recebeu o Prêmio Criança, da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança. Em paralelo, pesquisas comprovavam que a presença contínua do palhaço trazia melhoras ao tratamento médico, além de qualificar as relações humanas naquele ambiente.
Este cenário tornou o trabalho da ONG reconhecido e muito bem avaliado por diretorias, por profissionais de saúde e principalmente pelo seu público, as crianças!
Na década seguinte o trabalho se solidificou e Doutores da Alegria ampliou sua atuação. Em 2009 e em 2010 recebeu o Prêmio Cultura e Saúde, iniciativa conjunta dos Ministérios da Cultura e da Saúde.
E hoje, quase 25 anos depois, há mais de 1.000 iniciativas semelhantes espalhadas pelo país e milhares de pessoas buscando a qualificação do trabalho para atuar junto às crianças. Que assim seja!