Como normalmente falamos dos filhos das mães, neste mês deu uma baita vontade de falar das mães dos filhos.
Eu, Dra. Greta Garboreta, comentei sobre o tema com a minha querida parceira Dra. Juca Pinduca e ela logo aprovou. O que ela não sabia é que a primeira mãe de quem eu quero falar é a dela! É que eu morro de medo de conhecer a mãe da Dra. Juca, e explico por quê: é que a Dra. Juca, como todo mundo já sabe, nasceu em VARGINHA. É… Em Varginha mesmo, aquela do ET! Esse é o motivo do meu medo, e embora ela viva me desmentindo, eu tenho certeza de que a mãe dela é verde e tem antenas, e ela tenta me convencer:
Imagina, Greta! Se eu sou filha dela, como é que ela pode ser verde e ter antenas?
O fato é que eu acredito em ETs e a mãe da Juca é um deles, não tem conversa! Prefiro a minha mãe, que do alto de seus 102 anos (CENTO E DOIS!) pula na cama, come porcaria, briga com os moleques na rua, chega com a roupa suja de barro, joga videogame e assiste televisão até tarde, como qualquer outra pessoa normal. Ela me dá um pouco de trabalho, mas isso também é normal e colocando-a de castigo, de vez em quando, fica fácil de lidar.
De uma forma ou de outra, o que me impressiona mesmo é a fibra dessas mulheres-mães e falo agora, particularmente, das que encontramos durante nossas visitas ao hospital. Elas não sabem que dia é hoje. Elas não sabem em que mês estamos. Elas não têm ideia de quando verão suas casas outra vez. Elas não pregam o olho. Elas se apartam da convivência da família. Elas lutam contra o sentimento de culpa por acidentes que elas não podiam prever. Elas conseguem tirar, de não sei onde, uma risada ou um sorriso, mesmo quando a profunda dor de verem seus filhos sofrendo de uma enfermidade grave lhes corta a alma. Elas conseguem passar dias e dias alimentando a esperança da boa notícia de que o filho já está bem e pode voltar para casa. Elas estão sempre predispostas a ser um escudo. Elas não desistem nunca. Não importa se são jovens demais (encontramos muitas delas), sem experiência, mesmo assim elas estão lá, amadurecendo à força, se formando na universidade da vida, cumprindo da melhor forma que sabem e podem suas obrigações de mães.
Me impressiona muito quando ouço essas mulheres dizerem que dariam qualquer coisa para estar no lugar dos filhos, de preferirem sempre que fosse com elas, como se todas as doenças coubessem nelas. Enfim, o que eu quero dizer mesmo, é que a convivência no ambiente hospitalar com essas mulheres me comove muitíssimo, com elas aprendo sobre força, sobre coragem, sobre amor incondicional, sobre ser mulher na sua condição mais plena. Nos seus olhos se pode ver abandono, dor, compaixão, solidariedade e, às vezes, até nada.
Mas, enfim, antes que as lágrimas me corram, deixo aqui meu profundo respeito e admiração por essas mulheres. No mês de maio um VIVA para todas as mães! E um biri biri biri especial para a mãe da Dra. Juca!
Dra. Greta Garboreta (Sueli Andrade)
Dra. Juca Pinduca (Juliana Gontijo)
Hospital do Grajaú – São Paulo
Maio de 2012