Palcos e plateias diversos têm recebido os jovens artistas formados pela nossa Escola. Na última etapa do Programa de Formação de Palhaço para Jovens, eles circulam pelo estado de São Paulo com “O que dizer de tudo isso? Ou…”.
O exercício cênico traz um pouco da trajetória de cada um dos vinte e um jovens, que frequentaram durante dois anos e meio a nossa casa em busca de uma formação artística. Destinado a jovens em situação de vulnerabilidade social, o Programa se propõe a formar artistas que produzam arte a partir da vivência e da reflexão do cotidiano. O resultado é um experimento poético, sensível, mas também carregado de significados, que traduzem uma juventude marcada pelas desigualdades da nossa sociedade.
Em julho, a turma se despede da Escola e avança para o mercado artístico, onde exerce de forma íntegra, profissional e, claro, apaixonante o ofício do palhaço.A despedida fica por conta de Heraldo Firmino, coordenador do programa.
É preciso inventar uma maneira de existir
“Um percurso e tanto trilhado pela turma 7, feita de jovens artistas oriundos das periferias de São Paulo e outras cidades. E, quando falo de periferia, quero ampliar o olhar para a sociedade em que vivemos, que estrutural e sistematicamente tenta impedir que rompam essa escrita decretada em suas vidas.
Jovens que saem de suas “quebradas” para ganhar o mundo, pessoas comuns, que na busca de algo novo para suas carreiras e seus anseios dentro da arte, trazem em suas histórias as marcas de uma vivência na exclusão social e política. Mas este lugar talvez propicie possibilidades de criar algo novo para si e para os outros. Os excluídos inventam sua maneira de existir e, nesta busca, escolhem e chancelam sua escolha profissional: palhaçx.
Esta figura que não se adequa aos mundos sociais vigentes, que critica, transforma, encanta, alegra, revela o humano de cada um. Uma nova geração de artistas, eu diria, que inventa outra maneira de existir, fura o sistema, vai quebrando paradigmas.
Parabéns, jovens! O ofício da arte deve ser exercido sempre com dignidade e, em dois anos e meio de convivência, posso afirmar que isso vocês têm de sobra!”