De onde vem o afeto?
O trabalho no hospital frequentemente nos emociona. Nesse mês saímos da enfermaria do T. muito “afetados”.
Ele estava ominubilado – nem dormindo nem acordado – quando deixamos uma consulta marcada pra próxima visita. O lembrete era um adesivo colorido. Perguntamos se ele ia cuidar do adesivo e ele balançou a cabeça concordando. Foi o nosso pacto.
Para nós foi um enorme ato de generosidade do menino, que está lutando contra uma doença muito grave e mesmo assim prometeu que cuidaria do adesivo até o nosso próximo encontro.
Nesse momento fomos tocados pela grandeza do ser humano, do quanto os pequenos são gigantes na luta pela vida. Ah, esses exemplos nos deixam bem orgulhosos de poder participar de momentos como estes, grandes assim…
E diretamente da Escola de Besteirologia…
Eu, Dra Mary En, juntamente com o Dr. Marmelo, desenvolvemos uma nova rotina besteirológica e queremos compartilhar com vocês! Eis que nós descobrimos como amolecer esqueletos enferrujados! E como toda boa experiência, tivemos um paciente que colaborou desde o princípio com a nova descoberta, o F.
1º passo – O diagnóstico
De violão em punho, entoamos a música “A mover o esqueleto”. O paciente não mexe um dedo sequer. A partir deste sintoma, identificamos o problema: esqueleto enferrujado!
2º passo: O prognóstico
Giramos o “rói-rói”, nosso instrumento besteirológico, perto das partes críticas do esqueleto do paciente: joelhos, cotovelos, pescoço…
3º passo: O exame físico
Com a música em alto e bom tom, o paciente começa a se movimentar, vai aos poucos e de repente… tan tan tan tan. O corpo começa a se requebrar todo igual a um esqueleto molinho!
4º passo: A evolução
Para estimular ainda mais o paciente na evolução do forró, quer dizer, na evolução do quadro clínico, sai do bolso da Dra. Mary En um pequeno esqueleto que se mexe absurdamente, estimulando o paciente ainda mais.
5º e último passo – A conclusão
Sem ao menos levar o caso para a comunidade científica, concluímos que o paciente desenferrujou o esqueleto e, se brincar, pode até conseguir um bico nas horas vagas como bailarino em alguma casa de show!
Para os interessados, basta visitar o F. no segundo andar da Oncologia. Ele desenferrujou tanto o esqueleto que basta nos ver e ele começa a requebrar! Sucesso!
Como somos gentis, vamos distribuir a letra da música para os médicos que quiserem evoluir com esta rotina. Basta nos procurarem lá no andar da Besteirologia (o único problema é que não construíram ainda…).
Dra. Mary En (Enne Marx)
Dr. Marmelo (Marcelo Oliveira)
Instituto Professor Fernando Figueira (IMIP) – Recife
Maio de 2013