O Programa de Formação de Palhaço para Jovens oferece uma formação artística gratuita, voltada para jovens em situação de vulnerabilidade e risco social que desejam se profissionalizar no campo artístico.
É um dos poucos cursos gratuitos de longa duração na linguagem do palhaço no Brasil – esta figura que não se adequa aos mundos sociais vigentes, ela critica, transforma, encanta, alegra, revela o humano de cada um.
As aulas compreendem o aprendizado de técnicas e linguagens artísticas, e criam a base para investigar com propriedade a máscara do palhaço que, na experiência vivida ao longo do curso, vai ganhando potência e identidade. É um trabalho intenso, de estudo, pesquisa, treino e criação, o que exige dedicação exclusiva.
A turma 8, que ora conclui este processo, teve uma formação de dois anos e meio, passando por várias linguagens artísticas, máscaras teatrais, cultura popular, técnicas circenses, dramaturgias, música, jogos de relação experimentações cênicas, entre outras atividades. A turma viveu uma intensa troca de saberes artísticos e humanos, que se conclui por meio de exercícios cênicos, com o foco na linguagem do palhaço, que circula pela cidade de São Paulo.
A chamada circulação, nas turmas anteriores, se constituía em 30 apresentações públicas gratuitas dos exercícios cênicos, em comunidades de origem de cada jovem, escolas, CEUs, Casas de Cultura, praças, ruas, em espaços alternativos, na região central da cidade.
A proposta da circulação centrava-se na experiência da turma se apresentar em espaços com públicos diferentes que ajudam a moldar artisticamente esses jovens artistas, estimulando o trabalho em grupo e o entendimento de uma produção cultural e suas complexidades.
+ veja aqui o exercício cênico da turma 8
Era dessa maneira que as turmas concluíam a formação, finalizando o processo com um grupo de palhaços e palhaças bem instrumentalizados no fazer artístico da palhaçaria, preparados para começar uma carreira profissional e viver plenamente o caminho que escolheram no campo da arte.
No entanto, chegamos ao final da formação da turma 8 de maneira diferente, pois a pandemia do coronavírus impôs mudanças radicais no campo da aprendizagem. A formação passou por uma mudança radical, experimentada pela primeira vez na Escola Doutores da Alegria.
As aulas presenciais se tornaram aulas virtuais e os exercícios cênicos passaram a ser vivenciados por cada estudante em casa, cumprindo as recomendações de distanciamento social.
Em outubro, o trabalho presencial semanal foi retomado com pequenos grupos estáveis, mas a proposta de circulação, como havia sido planejada, estava impossibilitada de acontecer. O cenário nacional e estadual referente à subida nos casos de Covid-19 levou ao fechamento de espaços culturais e à suspensão de apresentações públicas nas comunidades, visando evitar aglomerações.
Foi necessário mudar o modelo de apresentação, que passou para o formato audiovisual. Os alunos apresentaram seus ‘exercícios artísticos’, foram dirigidos e filmados com seus figurinos, adereços e maquiagem criados nos últimos meses de formação. Chegaram a um vídeo com filmagem e montagem de Nereu Afonso que pode ser acessado aqui.
Foi a adaptação possível na busca de caminhos para seguir na formação de palhaços e palhaças que tornou o ano de 2020 inesquecível, em que o arquétipo do palhaço muda de lugar – sai dos encontros presenciais para habitar nos quadradinhos das plataformas digitais.
+ veja aqui o exercício cênico da turma 8
A circulação se adapta aos novos tempos e representa a busca pelo encantamento no olhar do público, refazendo um caminho perdido, para reconectar com a essência de um ser humano que se relaciona com outro ser humano através da arte, mantendo nossa capacidade de sonhar.