A presença do palhaço em um lugar como o hospital não parece mais algo tão inusitado, mas lá nos anos 90 era algo completamente fora da realidade; um choque. É bem verdade que quando se está deitado em um leito de hospital, sozinho e mergulhado nas consequências da doença, a figura do suposto médico que trata de bobagens e bobisses pode ser surpreendente, única.
O psiquiatra Flavio Falcone, de 33 anos, levou a figura do palhaço para um lugar nada comum. Fanfarrone, como é chamado, aborda usuários de crack nas ruas lotadas da Cracolândia, no centro de São Paulo, com o propósito de ganhar a sua confiança e convencê-los a iniciar um tratamento que possa livrá-los de uma das drogas mais consumidas no país.
Muitos usuários viam o palhaço e o rodeavam, cantavam com ele, conversavam, revelavam intimidades. O palhaço ajuda a estabelecer uma relação horizontal, de igual para igual, com o povo daqui. De médico, imediatamente se cria uma hierarquia que eu prefiro desconstruir, conta Flavio. Notou algo de semelhante com o Besteirologista?
Segundo ele, a escolha do palhaço não foi gratuita, deu um sentido para a sua vida. O palhaço lida com as sombras. Ele revela o lado ridículo de situações que, às vezes, levamos muito a sério. Eu sempre fui uma pessoa tímida. Passei a rir de mim mesmo, o que foi mais eficiente do que qualquer terapia. Parece que, hoje, renasci e vivo em outra encarnação, diz.
A matéria completa está no site do jornal O Estado de S.Paulo.