Participar do Healthcare Clowning International Meeting foi muito significativo. Voltamos com nossa bagagem mais pesada, pois ela trouxe aprendizados e muitas histórias.
Mais de 300 pessoas de organizações que atuam com palhaços em hospitais trocaram conhecimento durante três dias de evento, organizado pela Operação Nariz Vermelho em Portugal. Na programação, grandes debates, oficinas, estudos de casos e pesquisas e apresentações artísticas.
Partimos do Brasil com uma comissão composta por artistas e parte do corpo diretivo da associação. E voltamos convictos de que Doutores da Alegria é uma organização forte e referenciada mundialmente, com uma enorme responsabilidade em função disso.
“Doutores da Alegria nasceu como associação em um momento de democratização do país, nos anos 90, com um propósito social e em diálogo com uma sociedade que abraçou essa causa. Isso foi muito especial.”, conta Luis Vieira da Rocha, diretor presidente.
“Em sua trajetória, Doutores atendeu a demandas da sociedade e extrapolou as fronteiras do hospital, transformando essa experiência em uma pedagogia de formação, em criações artísticas, em ações para empresas. Essa dinâmica é única e nos diferencia de outras organizações pelo mundo.”, finaliza.
O encontro reuniu diversas organizações que atuam em países mais desenvolvidos e, consequentemente, dentro de um sistema de saúde melhor, como na Holanda. No Brasil, os encontros entre crianças e palhaços muitas vezes têm um pano de fundo dramático. Aqui, a realidade dos hospitais públicos traz questões sociais muito latentes, que envolvem desde a estrutura familiar das crianças e a escassez de direitos básicos até as condições de trabalho dos profissionais de saúde.
Assim, uma organização que não tenha uma intenção social não é relevante em termos de impacto para a sociedade.
Outro aspecto que torna Doutores da Alegria única é o programa Palhaços em Rede, que integra e orienta grupos de todo o Brasil. Hoje, já são 980 iniciativas mapeadas e cadastradas na rede. São muitos grupos pelo país – dado nosso extenso território, claro – mas também a vontade de muitas pessoas que têm compaixão por aqueles que estão internados.
Durante o evento também tivemos a oportunidade de mostrar alguns resultados deste programa – que traremos aqui em breve – e um estudo de caso do projeto de extensão MadAlegria, que faz parte da nossa Escola. Wellington Nogueira, fundador do Doutores da Alegria, fez uma aplaudidíssima apresentação sobre a história do palhaço, e ainda pudemos dar uma palinha do Bloco do Miolinho Mole em terras estrangeiras. Emocionante!
Após o evento, palhaços brasileiros e portugueses trocaram experiências visitando juntos o Instituto Português de Oncologia de Lisboa. “Participar do encontro trouxe uma nova dimensão para o nosso trabalho e reflexos no dia a dia do hospital”, conta Nereu Afonso, artista.
Por fim, a conferência reafirmou a existência de uma comunidade internacional disposta a manter diálogo constante e a continuar trocando suas experiências. Os próximos passos ainda engatinham, mas têm um potencial enorme. Ainda há muito a ser feito, e com certeza teremos outras boas histórias pra contar na próxima conferência – isso mesmo! – em Viena, na Áustria, em 2018.