Cada um enxerga o mundo de um jeito.
Uns fingem que veem, mas não falam. Outros usam óculos para ver melhor. Alguns tropeçam quando andam de tanto que ficam admirados com ele. Assim também é com o hospital.
Tem uns que acham o lugar uma loucura, outros vão lá raramente, alguns vão e vêm, outros tantos vão e nem vêm.
A gente vive no hospital duas vezes por semana e lá é uma extensão da nossa casa. Comemoramos dias festivos, feriados. Sabemos de um tudo e quase nada, vemos o tempo correr na urgência e muitas vezes sobreviver na nascença.
A gente vive lá como a maioria dos pacientes: o hospital vira segunda casa.
Esse pensamento veio quando nossa paciente, de aproximadamente 7 anos, teve finalmente alta médica e disse uma coisa que ficou na minha cabeça quando perguntamos:
– Você vai sentir falta dos palhaços?
– Claro que vou, né! Aqui tem cachorro, comida boa e palhaço, melhor que lá em casa.
Ela tem razão. O hospital, lugar de cuidados, vem tentando sempre ampliar o seu olhar, é uma longa busca, como na vida de toda pessoa, mas ao menos se busca. E se não faz, alguém dá um jeito para se fazer.
E é bom quando o hospital não tem cara de hospital, mas que a gente se sinta como se estivesse numa casa, de férias, cuidando da vida como ela pede.
E para não deixar de falar, vamos contar o sucesso do momento. Quem conhece o D. da UTI, no 3ª andar, sabe do que falamos. Ele vive babando por questões de saúde.
É um desses que fizeram – não porque quiseram – o hospital feito casa. E pela intimidade que temos de longos anos de visitas semanais, o D. tá quase careca de saber sobre nossas besteiras. Mas alegra os seus olhos, pois ele se comunica com eles, pisca mais que pisca-pisca, quando ouve a canção:
♫♪ Djalma baba baba, baby,
Djalma baba babá
Djalma baba babá ♪♫
Dr. Dud Grud (Eduardo Filho) e Dr. Lui (Luciano Pontes)
Hospital Barão de Lucena – Recife