Enquanto fazemos uma pausa no trabalho dos hospitais neste início de ano, pesquisamos o que nos aguarda em 2018 no campo da saúde.
Já falamos sobre o salto de qualidade técnica da Medicina nos últimos anos, que teve a tecnologia e os avanços científicos a seu favor. Também colocamos na mesa os dilemas envolvendo o sistema único de saúde no Brasil, um dos únicos no planeta que se coloca à disposição para toda a sua população.
Pois bem: segundo especialistas em saúde, o ano de 2017 foi marcado por crises na área ao mesmo tempo em que trouxe transformações que devem continuar nos próximos anos. Vejamos então as três tendências em saúde importantes apontadas por eles para 2018:
Avanços tecnológicos relacionados à longevidade
O número de pessoas acima dos 60 anos no Brasil, hoje em 12,5%, deverá quase triplicar até 2050, ultrapassando a média mundial, de acordo com o Relatório Mundial de Saúde e Envelhecimento. Essa realidade vem trazendo uma mudança no perfil de óbitos: as maiores causas de mortalidade no país são doenças cardiovasculares (33%), câncer (20%) e mortes violentas (13%).
O avanço tecnológico já permitiu o desenvolvimento da robótica da Medicina, trouxe qualidade e nitidez a exames de imagens e tornou as cirurgias mais assertivas. Agora, com foco na longevidade, vem trazendo respostas e novos medicamentos para doenças crônicas e degenerativas como o Alzheimer, a esclerose múltipla e o câncer, além de estudar por que envelhecemos e como retardar esse processo.
Para Frank Pok, chefe de tecnologia no conglomerado farmacêutico AstraZeneca, “será a tecnologia dentro da sua casa, e não aquela em hospitais, que mudará a forma como lidamos com saúde”. Segundo ele, dados obtidos graças a sensores, smartphones e outros produtos podem ser uma fonte poderosa na mão de cientistas e a digitalização vai nos preparar para novos tratamentos, terapias e, claro, para prevenção.
Foco na prevenção, diagnóstico precoce e a recuperação da saúde
Cuidar das pessoas antes de precisarem de hospitalização deixou de ser um ideal e vem se tornando uma prática. A preocupação com a saúde está cada vez mais evidente, ainda que mais fortemente entre as classes sociais mais ricas, e se manifesta por meio da alimentação, da atividade física e de hábitos saudáveis.
Recuperar a saúde significa mais qualidade para uma vida cada vez mais longeva. Para os hospitais, o tratamento crônico implica em maiores custos de assistência, e por isso a Medicina preventiva ganha espaço no trabalho e nos investimentos das operadoras de saúde e das empresas.
E o consumo de bens e serviços de saúde só cresce. Segundo levantamento do IBGE divulgado em 2017, as despesas nesta área oscilaram entre 18,5% e 19,6% do total do consumo do governo, entre 2010 e 2015. Já no caso das famílias, as despesas com consumo de bens e serviços de saúde passaram de 7,3% do total de seu consumo, em 2010, para 8,2%, em 2015.
Melhorar a experiência de internação
É certo que durante a internação há um distanciamento do cotidiano e de tudo que nos cerca – objetos, cheiros, hábitos, bichos de estimação, familiares. “Intimidade, identidade, controle sobre a vida, quase tudo vai pro espaço.”, como lembra Soraya Saide, atriz e palhaça do Doutores da Alegria.
Mas muitos hospitais já cruzaram a fronteira de locais frios e sisudos, em que a autoridade do médico e a necessidade de regras e padrões ficam acima de qualquer outra percepção. Se antes acreditava-se que ter qualidade exigia custos elevados e retorno improvável, hoje é claro que somente por meio dela é que as instituições atingirão sua sustentabilidade financeira e perenidade. Isso inclui investimento na formação dos profissionais e nas condições estruturais dos hospitais.
E ações de humanização e práticas artísticas elevam a percepção da qualidade de internação. Alguns exemplos disso são as obras de arte dispostas em todos os corredores do Chelsea and Westminster Hospital, brinquedotecas bem articuladas com as pediatrias e a presença permanente de palhaços profissionais.
Bem, e se a contribuição do Doutores da Alegria para a saúde envolve melhorar a experiência de internação, ficamos à espreita para saber como estas outras tendências vão impactar no dia a dia de hospitais públicos. Muitos ainda enxergam um grande abismo entre o futuro que se apresenta e as condições presentes, agravadas pela falta de recursos para manter o básico com qualidade.
Que venha 2018!