Neste texto, quero falar sobre as longas internações, mais especificamente, sobre mães e acompanhantes que encontramos ao longo dos meses. Estas, que conhecem nossos jogos (brincadeiras) besteirológicos e que nos recebem sempre com uma dramaturgia – que aconteceu no decorrer da semana anterior. Nossas parceiras de jogo, essas “brincantes” no respiro de alguma angústia.
Camila, mãe de Patrick (ambos os nomes são fictícios) está no hospital desde março. Acompanhou as aventuras do cortejo junino, vestindo Patrick a caráter com tanto rigor que foi preciso a Dra. Pamplona me segurar para não apertar as bochechas de Patrick.
É tanto capricho dessa mãe… brinquedos, roupa, o bebê sempre de banho tomado. Eu sempre peço para Patrick que me empreste sua mãe por uma semana pra eu ser tão bem cuidada. Não custa pedir, vai que eu consigo. Camila, mesmo com cara de sono mal dormida, é de um bom humor de dar inveja aos reclamões da vida de plantão.
Eu sempre falo, mesmo não sabendo se Patrick de fato escuta naquele momento: sou fã da sua mãe, ela te fez com harmonização facial, cílios alongados, furinho no queixo, olhinhos cor de mel. Você tá sempre arrumado e cheiroso. Ah, realmente, uma semaninha de mamãe emprestada ia dar muita luminosidade pra minha vida.
E agora, um segundo despida da palhaça. O que é essa força dessas mães de longuíssima internação? Que não esmorece nunca. Cai, abate, fragiliza. Mas não desiste. É como o samba, resiste ao tempo. Um eco, uma voz que não finda.
E, aliás, para estas mais que viram nossas brincantes parceiras o que não faltou foram sambas e forrozinhos criados especialmente para elas nesse período que se alonga. Minha parceira, a Dra. Pamplona, bate o dedo na sanfona e solta sempre um bom improviso.
Com muito carinho a estas mamães, Dra. Bolot´s