Certo dia, ainda no camarim e antes de começar os atendimentos besteirológicos, Dr. Cavaco e Dr. Pysthollynha me convidaram para conhecer uma nova ala do hospital, a UTI.
Entre músicas e tropeços nos corredores, lá fomos nós, enquanto Cavaco e Pysthollynha me apresentavam como o mais novo Doutor da equipe.
Ao chegar nos quartos, fizemos nossos atendimentos besteirológicos como de costume, caso a caso. Porém, o que chamou a minha atenção nesse dia foi um garoto viajante.
Leonardo é um garoto negro que tem por volta de 15 anos, ele estava internado com um pouco de dificuldade na fala e olhos entreabertos. Ao se aproximar dele, o Dr. Pysthollynha perguntou:
– Você já viajou?
O menino abriu os olhos e disse com uma voz fraca:
– Não!
Nesse momento, nós nos entreolhamos e eu percebi que poderia ser um ótimo momento para uma grande viagem, então eu disse:
– Dizem que as pessoas conseguem viajar nos sonhos. Você já sonhou?
(Apertem os cintos, leitores, pois aqui começa a nossa grande viagem besteirológica).
O menino abriu os olhos e estampou um grande sorriso, com uma cara de quem estava lembrando de algo muito especial:
– Sim, eu já viajei no meu sonho.
Dr. Cavaco muito empolgado perguntou ao menino qual foi o meio de transporte usado nessa viagem dos sonhos, e a resposta foi surpreendente:
– Nuvens! Eu viajei sentado nas nuvens. Só tinha um probleminha, era um pouco úmida.
Nesse momento, o menino já estava de olhos arregalados e cheio de detalhes da sua aventura. Contou que lá de cima fez amigos extraterrestres que não falavam nossa língua de humanos, eles se comunicavam brincando.
Disse ainda que passou tardes bem gostosas de brincadeiras divertidas com seus amigos ET.
Um dia, em seus passeios pelo céu, ele pegou sua nuvem voadora e foi conhecer o universo. Lá do alto, nosso viajante avistou um planeta gigante feito todinho de Chicletes. Ficamos muito afoitos com a história e lançamos:
– E você comeu o planeta? Que gosto tinha? Dava pra fazer bolhas?
O menino finalizou a viagem dizendo:
– Não, eu não comi o planeta. Achei muito borrachudo e continuei navegando por outras galáxias!
Nesse momento puxamos uma canção de navegador e nos despedimos:
– “Eu não sou daqui…. Marinheiro só…”
Na saída do quarto veio a reflexão que o menino viajante nos deixou, e fazemos questão de compartilhar com vocês, leitores:
O sonho é um grande aeroporto que nos permite viajar sem sair do lugar. Agora, a pergunta que fica no ar é: Você tem se permitido sonhar?
Finalizamos nossos atendimentos e corremos para casa. Fomos sonhar e procurar o planeta de chiclete para saber que cheiro tem.
Fagner Saraiva (DR. FILIPEUTO)