A saúde pública é um direito e um bem que todos nós, cidadãos brasileiros, temos e seu valor é imensurável em um país pobre. Se parte da população ainda não consegue fazer três refeições por dia, imagine pagar por um convênio médico ou gastar milhares de reais para um procedimento de urgência?
Saúde pública, dita assim, parece uma máquina composta de robôs, sistemas automatizados e estruturas frias que giram e se encaixam, movidas apenas por números e programações ordinárias.
Uma engrenagem que tenta dar conta de 214 milhões de brasileiros – ou de 70% da população que depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS).
Mas não é bem assim.
2022 foi o primeiro em que atuei em um hospital de forma fixa na associação Doutores da Alegria. Tive a oportunidade de ver de perto essa “engrenagem” funcionando.
Esse maquinário é movido por muito mais sangue do que óleo, muito mais oxigênio que ar comprimido, muito mais carinho que força, muito mais amor que agenda, é movido por pessoas!
Pessoas engajadas, dedicadas, atenciosas, inteligentes, hábeis, competentes que fazem tudo funcionar. Aqui, compartilho minha percepção e minha vivência de uma parte importante desse maquinário: o Hospital Universitário da USP.
Começando pela Pati, da equipe de segurança, e pela Sil, da equipe de limpeza, que na portaria nos receberam o ano todo com sorrisos logo na entrada do hospital.
Pela Evylin, também da equipe de limpeza, que junto com outros colegas deixaram nosso vestiário impecável. Pelo amigo da limpeza que sempre joga na loteria e disse que não irá esquecer da gente quando ganhar. E pela equipe dos “Mano-Tensão”, que nos salvaram em vazamentos durante o ano.
Da equipe de enfermagem, residentes, médicas e médicos da UTI Pediátrica. Por onde passamos sempre tem um café cheiroso, às vezes forte quando é Cris quem faz, e um papo bom, com coisas sérias e outras “fofocas médicas”.
Dividimos ali no café nossos cansaços, férias, desejos, crises, felicidades com Ana, Pérola, Roberta, Márcia, Cleide, Ione (que deu um depoimento lindo no “Conta Causos”), entre outros.
Foi nesse ambiente gostoso que compusemos uma paródia para a despedida do Dr. Gabriel, nosso parceiro de tantos anos. Toda a equipe cantou com a gente no almoço. Teve até conversas políticas, principalmente com Dr. Shiê.
Claro, com café bom não podia faltar bolo, e ali sempre tem! No dia que Samuka foi para casa, teve comes e bebes lindos com direito ao famoso brownie da Dra. Andrea.
Tudo isso com muita responsabilidade, apoio e consentimento das chefes do setor e queridas parceiras, Fabi e Lu, e a arrumação de Edson, que ganhou um netinho esse ano!
Na entrada do Berçário e da UTI neo, o sempre incansável Benê, “guardião do Lleite”, amigo que sempre tem um causo bom para nos surpreender.
As enfermeiras, residentes, médicas e médicos desse conglomerado que toparam fazer dancinhas de Tik Tok – não vou esquecer da Dra. Silvia no balanço do “joga de ladinho”!
Nesse andar, presenciamos a primeira vez em que uma mãe segurou a filha na UTI Neo, onde provavelmente Nair estava. Também vivemos a despedida da filha de um casal nigeriano e Karina vai lembrar bem dessa história.
No Berçário, temos uma palhaça, no melhor sentido da palavra, que sempre está quando as risadas rolam, né Vanessa? Como não reparar em Lilian, mãe de gêmeas que apesar da delícia e do cansaço da tarefa, está sempre feliz? Sem falar que descobrimos uma Dra. Bailarina, bailarina mesmo, mas que prefiro não revelar a identidade…
O que falar da pediatria? Lá testemunhamos o fim de um ciclo de uma parceria de tantos carnavais. A Fêfe, que nos trocou por outro palhaço – seu marido é palhaço de rodeio e ela foi viver seu amor em Barretos.
Dra. Dumara, que participou tantas vezes de nossos atendimentos, e nos orientou em tantos casos. Cris, sempre com alguma história de temperatura elevada para nos manter bem-humorados. E residentes mil que nos assessoraram tanto com relatos de pacientes…
O Hospital Universitário é um lugar especial, de pessoas diferentes no trato e no acolhimento do nosso trabalho. Isso é reflexo de uma diretoria que nos apoia e acredita verdadeiramente na potência do encontro dos besteirologistas com pacientes.
Esses nomes escritos dizem também sobre você, que não foi citado, mas está nessa “engrenagem” de gente competente, poderosa, e amorosa que faz o Hospital Universitário ser como é.
A você, leitor, que não é funcionário do HU, quando for falar do SUS, lembre-se de que ele é feito de pessoas incríveis.
E que nós temos apenas que batalhar para ele ser ampliado e para que consiga atender com rapidez todos os cidadãos brasileiros. Meu desejo pessoal é saúde para todos!