Dedé não é um dos trapalhões, mas gosta de aprontar umas atrapalhadas divertidas conosco.
Sua mãe, sempre ao lado, ria de tudo. Era só a gente abrir a porta que ela nos recebia com riso largo, mesmo vendo a evolução do quadro clínico do Dedé. Isso nos falava sobre confiança, sobre acreditar, perseverar na crença de que uma reviravolta fizesse a mudança certa. Não tinha cara feia. Para a dor que agravava, a cara era sempre boa, para não dar gosto à tristeza.
A cada encontro nossa intimidade aumentava. E teve até dia que o Dedé inventou que estava dormindo só para não falar conosco. A sua mãe ria, pois ele levava a sério a brincadeira de nos enganar. O Dedé revelava também que além de um grande trapalhão era um grande ator, capaz de nos convencer e gerar dúvidas.
Até que encontramos com ele na UTI. O caso era “grávido”, mas parecia que a gente agora não tinha mais segredos e ele até ria com as nossas tentativas de fazê-lo rir um pouco. Acho que também teve aquela insistência na dose certa de querer ganhar sua atenção e poder mostrar por que existimos e estamos ali.
Com ele tivemos que lidar com outra verdade, não o faz de conta, mas a conta que faz. Suamos, erramos e por isso acertamos. Dedé teve alta e não soubemos de mais notícias. Quem sabe um dia desses ele chega de surpresa e dá um susto na gente! Enquanto esse dia não chega, continuamos nossa atrapalhada.
Dr. Lui (Luciano Pontes)
Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira (IMIP) – Recife