Como parte do treinamento dos nossos artistas, em agosto rolou um intercâmbio entre as unidades de São Paulo e Recife. A artista Roberta Calza juntou-se aos palhaços pernambucanos pra falar sobre bufões.
Você, caro leitor, deve estar se perguntando do que se trata esse nome esquisito.
Explicamos: nas Artes Cênicas existe uma figura que explora tanto o campo sagrado quanto o campo profano na relação do homem com o universo ou com um grupo social. É o bufão.
O bufão aponta comportamentos grotescos na sociedade através de seu corpo deformado e do trabalho em bando. Tem características muito próprias da máscara que usa, que é também corporal. Ele traz à tona relações absurdas, violentas ou ainda poéticas. Dá um novo sentido ao que se entende como profano (ou que transgride regras consideradas sagradas).
O elenco pernambucano dos Doutores da Alegria experimentou essa linguagem por uma semana, na criação de figuras e na organização do jogo, de maneira profunda. Foi um trabalho físico muito intenso, que ampliou os olhares sobre a bufonaria. Experimentou-se a criação dos bufões desde a mais pura abstração ao aspecto mais concreto das relações humanas.
O treinamento de diversas linguagens artísticas e o intercâmbio fazem parte da nossa estratégia para qualificar e abrir possibilidades no trabalho feito no hospital.
A artista Juliana de Almeida (doutora Baju) trouxe a citação abaixo, que traduz um pouco do sentimento vivido nesses dias:
“Ao abraçar a sombra, descobrimos que estamos vivendo em um plano divino tão importante e tão vital para a evolução quanto para a evolução da humanidade. Assim como uma flor de lótus nasce na lama, precisamos honrar as partes mais sombrias de nós mesmos e as nossas experiências de vida mais dolorosas, pois são elas que nos permitem o nascimento do mais belo self. Precisamos do passado turbulento e enlameado, da sujeira da vida humana – da combinação de cada mágoa, ferimento, perda e desejo não realizado, misturada a cada alegria, sucesso e benção para nos dar sabedoria, perspectiva e nos conduzir a ingressar na mais magnífica expressão de nós mesmos. Essa é a dádiva da sombra.”
(trecho do livro “O Efeito Sombra”, Deepak Chopra, Debbie Ford & Marianne Williamson)