Ao chegar à emergência do hospital, nos deparamos com um casal cuidando de um menino que dormia.
– Você é pai?, perguntamos ao homem.
– Sim, sou!, ele respondeu.
Ao ouvir isso, me dirigi a ele de braços abertos:
– Papaaaai, papaaaai!
– Meu filho!, gritou ele, entrando no jogo.
E então, em câmera lenta, corremos um para o outro. Parecia cena de filme.
A enfermaria toda parou pra ver e, quando nos abraçamos, a sua esposa disse:
– Ôxe, tenho filho desse tamanho, não!
Ela se referia a mim, Dr. Dud Grud, o maior médico da Besteirologia, com 1,90m de altura. Prontamente o pai disse que foi uma aventura do passado, causando a maior ciumeira!
Falei que ia colocar ele no ritmo pra poder cantar e sacolejar, ops, quis dizer ninar o meu irmãozinho nos momentos de choradeira. Ele dançou e cantou, uma felicidade! E no final da ritmologia, falei que ia levá-lo comigo, pois um pai desses a gente não encontra em qualquer canto e nem todo dia. Aí foi que sua esposa foi ficando brava e a ciumeira aumentando… Pedi pra que ele escolhesse, e claro que ele preferiu cuidar do meu irmão mais novo, né?
A despedida foi igual ao encontro: uma corrida em câmera lenta ao som da música do filme Carruagem de Fogo, aquela tema dos Jogos Olímpicos.
Só que na hora do abraço, eu o levantei quase como um troféu e a emoção naquele momento era tão grande, tão grande, que caímos os dois no chão, como uma cena clássica de dois palhaços de circo! Ufa, foi aí que conseguimos tirar um sorriso da esposa ciumenta.
No plantão seguinte, nos encontramos na enfermaria.
– Olha aí o meu filho médico!
Reproduzimos mais uma vez a cena do encontro em câmera lenta, dessa vez sem cair, sem ciumeira e como uma despedida mesmo, pois demos alta pro garotinho que, com certeza, quando crescer saberá que um dia teve um irmão palhaço.
E olhe, toda essa história de papai aconteceu em maio, em pleno mês das mães! Será que em agosto em encontro uma nova mãe?
Dr. Dud Grud (Eduardo Filho)
Hospital Barão de Lucena – Recife