Nos hospitais, as portas nem sempre ficam abertas. Às vezes, nem tem portas. E antes ou depois de uma porta tem um ambulatório lotado. Para nós, palhaços, está mais para um laboratório besteirológico, onde fazemos várias experiências.
Além das consultas gerais, nos ambulatórios fazemos atendimentos focados, porque tem sempre alguém que apresenta um faniquito no pé, um riso frouxo precisando de aperto.
Lá também tem duas enfermarias. E as portas vivem sempre abertas, facilitando a entrada e a saída. Acontece que toda vez que estamos lá, às terças e quintas, fechamos as portas e só entra quem bate! Explicamos em alto e bom som:
– Tomamos essa decisão por medida de precaução quase “adestradora”, pois soubemos que entraram uns palhaços no hospital e não queremos ser confundidos, entendem?
No começo tudo foi estranhado, mas depois bater na porta virou brincadeira. E todos passavam pelo procedimento: pacientes, médicos, enfermeiras, pessoal da limpeza, acompanhantes… Às vezes, quando alguém não batia na porta, até voltava para bater!
Intervir no hospital é acreditar na capacidade de gerar movimento, mudanças e sutilezas a partir de outro olhar sobre coisas que geralmente não fazemos. Bater na porta antes de entrar em qualquer lugar é até normal, mas no hospital… Vem! É só bater para saber!