A saúde vai além do hospital e dos medicamentos. Prepare-se para os números.
Em 2013, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) bateu à porta de milhares de brasileiros para traçar um panorama de como anda a nossa saúde. Na primeira edição da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada em dezembro do ano passado, foram revelados dados sobre a percepção do estado de saúde, as doenças crônicas não transmissíveis e o estilo de vida.
Nesta segunda edição, a pesquisa avaliou desde planos particulares até coleta de lixo e discriminação no serviço de saúde. E divulgou nesta terça-feira seus resultados.
Eis o diagnóstico:
Acesso à saúde
30,7 milhões de pessoas procuraram algum atendimento de saúde nas duas semanas anteriores à pesquisa. Entre elas, 97% afirmaram ter conseguido atendimento e 95,3% foram atendidas na primeira vez em que procuraram o serviço. Das pessoas que não conseguiram atendimento na primeira vez, 38,8% alegaram que não havia médico disponível e 32,7% não conseguiram vaga ou pegar senha.
Planos de saúde
27,9% da população possuía algum plano de saúde (médico ou odontológico), sendo 36,9% na região Sudeste, 32,8% no Sul e 30,4% no Centro-Oeste, seguidas de 13,3% na região Norte e 15,5% no Nordeste (15,5%). Na área urbana (31,7%), o percentual de pessoas cobertas por plano de saúde era cerca de cinco vezes superior ao observado na área rural (6,2%).
Saúde da família
Do total, 53,4% dos domicílios estavam cadastrados em Unidades de Saúde da Família, sendo que 17,7% nunca receberam visita de agente comunitário de saúde ou de um membro de equipe de saúde da família, mesmo tendo se registrado há um ano ou mais,
Internação em hospitais
Dos mais de 200 milhões de habitantes no país, 12,1 milhões (6%) ficaram internadas em hospitais por 24 horas ou mais nos últimos 12 meses anteriores à data da entrevista. A regiões que apresentaram proporções um pouco superiores à média nacional foram Sul (7,5%) e Centro-Oeste (7,4%). Entre os casos de internação, tratamento clínico e cirurgia foram os dois tipos de atendimento mais frequentes, sendo 42,4% e 24,2% em estabelecimentos de saúde pública. Em instituições privadas, os pesos se invertem: 29,8% procuraram tratamento clínico e 41,7%, cirurgias.
Discriminação no serviço de saúde
A pesquisa mostrou que 10,6% da população brasileira adulta (15,5 milhões de pessoas) já se sentiram discriminadas na rede de saúde (pública ou privada). A maioria disse ter sido tratada de forma diferenciada por motivos de natureza econômica: 53,9% em função da falta de dinheiro e 52,5% em razão da classe social, entre outros.
Consulta ao dentista
89,1 milhões de pessoas (44,4% da população total) consultaram dentistas nos últimos 12 meses anteriores à data da entrevista. Quanto maior o nível de instrução, mais elevada a proporção, variando de 36,6% (sem instrução ou com fundamental incompleto) a 67,4% (superior completo).
Problemas de saúde
Entre os que deixaram de realizar atividades habituais por motivo de saúde, 8% foram mulheres e 5,9% foram homens. A pesquisa também investigou os motivos de saúde que impediram as pessoas de realizar suas atividades habituais: 17,8% citaram resfriado ou gripe e 10,5% relataram dor nas costas, problema no pescoço ou na nuca.
Dengue
É importante considerar que a pesquisa rodou em 2013, antes de a epidemia de dengue levar o Ministério da Saúde a uma campanha nacional. Naquela época 12,9% da população (25,8 milhões) disseram ter tido dengue alguma vez na vida. As proporções foram maiores que a média nacional nas regiões Norte (20,5%), Nordeste (18,5%) e Centro-Oeste (17,5%). Dos diagnosticados com dengue, a maioria era de mulheres (14,3%), acima da média nacional.
Medicamentos obtidos em rede pública
Pelo menos 6,4 milhões de pessoas (33,2%) fizeram uso de um dos medicamentos receitados no serviço público. Embora não houvesse grande diferença entre as regiões, essa divisão ficou mais clara em relação a cor e grau de instrução: quanto menor o nível de instrução (sem instrução ou fundamental incompleto), mais pessoas de cor parda (41,4%) obtiveram medicamentos. Do total de 19,3 milhões que tiveram medicamento receitado no último atendimento de saúde, 21,9% (4,2 milhões) conseguiram o remédio no Programa Farmácia Popular.
Acidentes e violência
3,1% da população se envolveu em acidente de trânsito com lesões corporais nos últimos 12 meses anteriores à pesquisa, sendo a maioria homens (4,5%) e jovens. Destes, 47% deixaram de trabalhar, estudar e realizar outras atividades, enquanto 15,2% tiveram sequelas ou incapacidades. Em relação à violência, 3,1% das pessoas de 18 anos ou mais sofreram violência ou agressão de alguém conhecido. Nos 12 meses anteriores à realização da entrevista, 3,1% da população feminina com mais de 18 anos (2,5 milhões de mulheres) sofreu agressão física, verbal ou emocional cometida por pessoas que conheciam a vítima.
Saneamento
No Brasil, 60,9% dos domicílios (39,7 milhões) possuem banheiro ou sanitário e esgotamento sanitário por rede geral de esgoto ou pluvial. As regiões revelaram situações diferentes em relação a este indicador: enquanto no Sudeste a proporção foi de 86,3% dos domicílios, na região Norte foi de 15,5%
Coleta de lixo direta
58,2 milhões de unidades domiciliares (89,3% do total) foram atendidos por serviço de coleta de lixo direta. As regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste apresentaram resultados superiores à média nacional, sendo a Sudeste a que registrou a maior proporção (95,7%). As regiões Norte e Nordeste apresentaram resultado inferior à média nacional: 78,8% e 79,1%, respectivamente.
Animais domésticos
A pesquisa estimou que 44,3% dos domicílios do país possuíam pelo menos um cachorro (28,9 milhões de casas). Em relação à presença de gatos, 17,7% dos domicílios do país possuíam pelo menos um, o equivalente a 11,5 milhões. Dentre os domicílios com algum cachorro ou gato, 75,4% (24,9 milhões) deles tiveram todos os animais vacinados contra raiva nos últimos 12 meses.