Tem pessoas que circulam no hospital que olham pra gente como se fôssemos de outro planeta, tendo as mais estranhas reações, que nos deixam pretéritos mais que perfeitos. Umas parecem que nunca viram médicos besteirologistas. Dizem que querem consulta, mas aí quando nos oferecemos para atender e elas simplesmente começam a rir! E gente que ri como se tivesse vendo palhaço! Poxa!
Uma dessas pessoas, inclusive, merece ser citada. Bastou aparecermos na emergência do Hospital Barão de Lucena, no Recife, para ela começar a rir e, ao mesmo tempo, fazer cara de dor.
Ai! Não posso rir!, dizia ela, e continuava rindo.
O Dr. Eu se aproximou:
Então não ria, afinal não há motivos pra rir!
Ela continuou, segurando a gargalhada: É que fiz cesariana!
Ah! César e Ana! Onde estão?
Estranhamos! No berço à frente da suposta mãe só havia um bebê e ela disse que tinha feito dois. Saímos procurando nos berços, mas não encontramos nem o César e nem a Ana. Saímos do quarto desolados!
Teve outro caso em que a risada soou solta. Estávamos nos divertindo, esquecendo que éramos besteirologistas e os pacientes esquecendo a espera de horas no ambulatório. Uma enfermeira saiu de uma sala e disse:
Riam, mas riam baixinho!
A frase entrou pelo miolo mole, cruzou com a razão, falou com o bom senso, fez bolhinhas de pensamentos em forma de balão e fizemos cara de pão dormido, duros, com aquela frase no meio de uma gargalhada geral. O Dr. Lui. deu uma leve batida na porta de onde a enfermeira havia saído:
A gente atrapalhou alguma coisa?
E a médica em atendimento nos disse:
Não.
É que uma enfermeira passou e disse: “Riam, mas riam baixinho”.
A médica riu, achando que era uma piada nossa…
Na hora pareceu que alguma coisa estava fora de ordem, ou melhor, fora do tom, mas depois, pensando melhor, chegamos à conclusão de que só podia ser brincadeira da enfermeira. Ufa!
Dr. Lui (Luciano Pontes)
Dr. Eu Zébio (Fábio Caio)
Hospital Barão de Lucena – Recife
Abril de 2013