A relação com profissionais de saúde foi tema da mesa “Outras formas de atuação” durante o Encontro Nacional de Palhaços. A discussão foi além e abrangeu a formação básica para que um palhaço atue em hospital.
Mauro Fantini, coordenador do grupo Narizes de Plantão, forma estudantes da área da saúde. Ele trouxe uma pesquisa que fez com estes alunos antes e após as intervenções nos hospitais. A ideia era entender se a experiência de palhaço acrescentava algo a quem atuava com saúde.
“O que é palhaço pra você?” era a pergunta. Frases como “Eu achava que aprenderíamos a contar piadas, a sermos engraçados e estarmos sorrindo o tempo todo” e “Achei que aprenderíamos truques e números ensaiados para usarmos no hospital” apareceram muito. Entre as palavras, surgiram: alegria, despreocupação, brincar, personagem, inocência, rir, amor, diversão.
Depois de passar pelo processo de formação, os alunos voltavam a responder ao questionamento. Entre as respostas: “Aprendi a lidar comigo mesmo, com as coisas em que sou bom e com as que tenho dificuldade. Aprendi a lidar com meus erros e a aceitar os erros dos outros” e “Eu lido com pessoas o tempo todo, desde pacientes doentes até colegas competitivos. Agora eu consigo aceitar melhor o que a outra pessoa está me propondo”.
E as palavras se ampliaram e se modificaram totalmente: encontro, sentimento, desprendimento, momento, ser, criança, essência, descoberta, escuta.
Alexandre Penha, do grupo voluntário Terapia da Alegria, oferece formação a estudantes de áreas da saúde em todo o país. Por ser formado em Artes Cênicas, ele traz este olhar para formar os jovens.
Ele iniciou questionando quantas pessoas haviam se formado de forma tradicional. “Não há universidade focada no palhaço no Brasil. O que usar em formação então?”, disse ele. A solução foi avançar com o que chamou de pedagogia da descoberta, que serviria para democratizar o acesso ao palhaço em todo o país – principalmente para pessoas que nunca tiveram contato com Artes Cênicas, como estudantes da área da saúde.
A mesa seguiu com uma ampla discussão sobre diferentes maneiras de formar um palhaço para atuar no hospital. Formadores da Escola dos Doutores da Alegria se juntaram à mesa para discutir o tema e mostrar o que temos oferecido. Muito foi falado sobre a escassez de cursos abrangentes no país, e sobre o oferecimento de oficinas curtas que não aprofundam a linguagem. Os grupos deram seus depoimentos sobre como qualificam o trabalho que é oferecido aos hospitais.