Em junho tivemos despedidas: algumas felizes e outras nem tanto. E vamos falar da despedida do B., que foi bonita e surpreendente.
Uma enfermeira nos informou que ele teria alta, para poder ir para casa descansar até chegar sua hora. Ela comentou também que ele estava muito triste e sentindo dores.
No mesmo quarto de B. estava C., uma menina que a gente já conhecia e que nunca dava muita bola pra gente. Aquele quarto seria uma missão difícil! Mas ainda bem que besteira pouca é bobagem e que sempre acontece alguma coisa bem boba para ajudar os besteirologistas a cuidarem dos seus pacientes.
Uma mãe neste mesmo quarto estava sentada na cama do meio, entre os leitos das crianças, bordando uma toalha. Imediatamente aquela ação nos chamou atenção. A Dra. Pororoca não pensou duas vezes e mostrou sua calçola furada e encomendou com a mãe bordadeira um serviço: que a moça bordasse o furo da sua calçola.
Neste momento B. riu, e riu gostoso e solto! A Dra. Pororoca se fez de desentendida e voltou a mostrar a calçola furada para a mãe. A menina C., do outro lado do quarto, riu vendo aquela situação. Dr. Charlito, que de bobo só tem a cara, apontou para ela e disse:
Você está rindo!
E para não dar o braço a torcer, ela parou imediatamente de rir.
Ficamos nesse jogo: Pororoca mostrava a calçola e eles riam, Charlito apontava o riso e eles paravam de rir.
Por fim nos demos por convencidos e começamos a comemorar as gargalhadas das crianças. Na empolgação, a peruca do Dr. Charlito caiu, revelando aquela careca brilhosa! E aí a gargalhada foi escancarada, ninguém escondia mais nada.
Saímos do quarto ao som daquelas risadas e, quando estávamos no corredor, voltávamos correndo para ainda pegá-los no flagra. Depois desse dia, B. teve alta. E partiu.
Dra. Pororoca (Layla Ruiz)
Dr. Charlito (Ronaldo Aguiar)
Hospital Santa Marcelina – São Paulo
Junho de 2013