Quando eu era criança, assistia a um desenho sobre a família do futuro. O nome do desenho era “Os Jetsons”. Vocês se lembram?
Pois bem… Lembro de ficar vendo aqueles personagens conversando através dos computadores e imaginando como seria a vida quando eu tivesse 30 anos. Ou, ainda, como seria o novo milênio, algo tão falado nos anos 90!
Acredito que o ser humano tem por essência a curiosidade de saber como será o futuro. E quando se é criança, nem se fala. A pergunta mais clichê feita para toda criança é: “O que você quer ser quando crescer?”. Uau! Quanta responsabilidade em um simples questionamento. Penso que todos nós, em algum momento de nossas existências, já tivemos que responder ou ao menos pensar sobre isso.
“Os Jetsons”, pra mim, eram o retrato mais próximo de futuro. Hoje, em meio à pandemia, cá estou eu entrando e saindo de intermináveis reuniões online enquanto um robô aspirador funciona (sozinho) lá no meu quarto. O futuro chegou! Será? Sabe, tenho pensado muito nessas relações e adaptações a que estamos sendo forçados a ter por conta da pandemia. Nunca na história ficar longe das pessoas nos fez ficar tão perto! Confuso, né? Mas o que não está confuso?
Confesso que, em algum momento, ou melhor, em algunS momentoS deste período, cheguei a questionar a importância do meu trabalho como palhaça. Para quê? Por que eu escolhi isso como profissão? Ainda faz sentido? Questionei inúmeras vezes o trabalho dentro do hospital. Na minha cabeça, era óbvio o pensamento de que o trabalho não aconteceria mais e que não tinha jeito.
Sim, estamos pensando, testando e entendendo a melhor maneira de continuar. E a visita online – a que chamamos Plantão Besteirológico – é uma dessas maneiras. Rapidamente explicando como funciona: cada artista, de sua casa, acessa uma sala virtual junto a um profissional do hospital, que leva um tablet para os quartos e enfermarias, de modo que conseguimos realizar atendimentos besteirológicos a distância.
Eu disse tudo isso só para contar que fiz minha primeira visita online no Hospital M´Boi Mirim!
Foi uma sensação diferente. Uma emoção tomou conta de mim. “Entrei” no hospital no meio de uma pandemia, onde o acesso a esse lugar está extremamente restrito. E naquele dia me deu um alívio em pensar que nosso trabalho ainda faz sentido e que era possível conversar e atender através de uma tela.
Naquele dia eu me lembrei dos Jetsons novamente. Lembrei da minha infância e do “querer saber o futuro” que, agora, se traduz em encontrar esse tão falado “novo normal”. E a pergunta clichê, de quando era criança, hoje deixa de ser “o que você quer ser quando crescer” e passa a ser “o que você deixou de ser quando cresceu?”.