Foi no domingo que Oliver Sacks nos deixou.
O neurologista e escritor britânico morreu aos 82 anos em Greenwich Village, próximo a seus familiares e amigos. Há alguns meses, ele havia revelado em um artigo para o The New York Times sobre o câncer em sua fase terminal. “Devo decidir como viver os meses que me restam. Tenho de vivê-los da maneira mais rica, intensa e produtiva que conseguir”, disse ele.
O médico ficou mundialmente conhecido por seu trabalho científico e também por sua desenvoltura como poeta, descrevendo em seus livros experiências pessoais e clínicas que extravasaram para o cinema. O médico recebia mais de 10 mil cartas por ano.
“O homem que confundiu sua mulher com um chapéu” (1985) e “Tempo de despertar” (1990) contribuíram com sua fama. O primeiro aborda histórias de pacientes com deficiências cerebrais que preservaram a imaginação e deram vida a uma identidade moral própria. Em “Tempo de despertar”, Sacks conta sua experiência com pacientes que sofriam de encefalite letárgica e da administração de um remédio de uso controverso capaz de tirar brevemente os doentes de seus estados catatônicos.
O médico também escreveu “Enxaqueca” (1970), “A ilha dos daltônicos” (1997), “Vendo vozes” (1998) e “Alucinações musicais” (2007), além de sua autobiografia “Sempre em movimento – Uma vida”, publicada em abril deste ano. Ainda estão previstos artigos dele para esta semana em jornais internacionais.
A obra de Sacks foi inspiração para a peça “O homem que fala“, dos Doutores da Alegria, e trouxe aos artistas um terreno fértil para suas inquietações. As esquetes da peça foram baseadas nas histórias reais do livro “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu” dentro da linguagem do palhaço, mas sem a presença do nariz vermelho.
Além de todas as suas contribuições, ele deixa como legado a Oliver Sacks Foundation, organização devotada a contribuir com o desenvolvimento do cérebro humano e da mente por meio da narrativa não-ficcional e de histórias de pacientes.
Vá em paz, Sacks! E obrigado.