Em um canto da vida, onde o tempo se desloca em ritmo próprio, existe um universo silencioso e profundo, habitado por pequenas almas que acabaram de começar sua jornada. São os bebês, esses seres em miniatura, mas repletos de pensamentos que, embora não se traduzam em palavras, se expressam de forma eloquente através de seus olhares.
Afirmar que os bebês têm pensamentos pode soar ousado para algumas pessoas, mas basta um instante de olhar profundo nos olhos desses pequeninos para compreender a profundidade de suas almas. Eles possuem uma linguagem própria, anterior às palavras, uma comunicação genuína, mesmo que, por vezes, enigmática.
O olhar de Nic é uma janela para um mundo inexplorado. Nele, a gente vê, direitinho, o brilho da curiosidade e a essência da pureza. A tranquilidade que ela tem diante da nossa presença chega a nos inquietar, a gente não entende como uma bebê de menos de 1 ano nos olha de forma tão profunda.
Já tem alguns meses que visitamos Nic e a gente já tentou vários tipos de estímulos com ela: visual, sonoro, mas ela dá uma breve olhadinha e volta pros nossos olhos, profundamente conectada. O que há dentro desse olhar, não sabemos, não conseguimos desvendar. Mas Nic nos observa bem, bem dentro dos nossos olhos, parecendo nos absorver. E a gente só conversa e canta pra ela:
“Quando a luz dos olhos teus e a luz dos olhos meus resolvem se encontrar/
Ai, que bom que isso é, meu Deus/ Que frio que me dá o encontro desse olhar (…)”
Outra:
“O seu olhar agora, o seu olhar nasceu/ O seu olhar me olha, o seu olhar é seu.
O seu olhar, seu olhar melhora, melhora o meu.”
Mais outra:
“E eu não sei parar de te olhar/ Eu não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar/ Eu não me canso de olhar
Não sei parar de te olhar (…)”
E mais outra:
“Este seu olhar quando encontra o meu/ Fala de umas coisas que eu não posso acreditar.
Doce é sonhar, é pensar que você gosta de mim como eu de você!”
É assim, entre conversas bobas e profundas, falando bebenês (a língua dos bebês) e português, a gente vai tecendo a nossa relação com Nic. Eu acredito que ela compreende a nossa linguagem, sobretudo porque é carregada dessa conexão da gente e de afeto.
O olhar de Nic é a ponte que une o universo interior dela ao nosso. Nesses encontros, eu sinto que a gente vai sendo nutrido de sensibilidade, atenção e amor, tudo muito essencial. Acho que a base da nossa comunicação tá aqui, quando a gente mergulha nesse oceano silencioso e encontra a beleza do que não pode ser dito com palavras.
Dra. Baju (Juliana de Almeida) e Dr. Eu_zébio (Fábio Caio)