O que move jovens artistas? Palhaços, palhaças e palhaces que estão se formando pela Escola Doutores da Alegria se sentiram instigados a falar sobre a força dos rios e dos mares e as relações com suas raízes e ancestralidades.
A 9ª turma do Programação de Formação de Palhaços para Jovens está circulando nas periferias de São Paulo com o experimento cênico Corre-Ria: Águas que Vêm de Nós desde o dia 21 de novembro.
O trabalho marca o encerramento de uma jornada de descobertas e conhecimento ao longo de dois anos de aulas, estudos, treinos e criação. Uma formação de 1600 horas, que abarca o aprendizado de técnicas e linguagens artísticas e possibilita uma base sólida para a investigação aprofundada sobre a máscara do palhaço.
Em Corre-Ria: Águas que Vêm de Nós, os palhaços, palhaças e palhaces abordam de maneira cômica e crítica a destruição da natureza e o esquecimento das memórias.
“São cenas criadas a partir da vontade e da vivência deles”, conta Val Pires, que assina a direção do exercício ao lado de Tereza Gontijo. “Trabalhamos dando suporte para que a voz autoral deles pudesse aparecer de forma potente na cena”, explica Tereza.
Um dos núcleos do espetáculo, por exemplo, traz a ancestralidade de matriz africana para a palhaçaria, revendo gags clássicas que são comumente eurocentradas. Há releituras de números de mágica, malabares e nado sincronizado.
A crítica social caminha em paralelo à palhaçaria. No exercício, Lola, por exemplo, é uma entregadora de bike. Uma das cenas traz as pescadoras do rio Tietê; noutra, há uma simulação de uma abordagem policial a artistas de rua.
Val Pires diz que o trecho de um texto de uma das cenas, escrito por Jaqueline Cabral, pode ser considerado uma síntese da motivação dos jovens artistas. “Tanto nós quanto os rios estamos tentando ocupar espaços que são nossos e foram roubados”, diz a dramaturgia.
A intenção desses jovens artistas é provocar reflexão ao mesmo tempo em que experimentam os limites da palhaçaria.
Depois de circular por vários espaços das periferias de São Paulo, o experimento cênico Corre-Ria: Águas que Vêm de Nós terá seis sessões no Espaço Cultural A Próxima Companhia, nos Campos Elíseos, região central da cidade.
A circulação do experimento cênico é uma realização da Secretaria Municipal de Cultural de São Paulo e Doutores da Alegria.
Confira a programação com todas as apresentações. Os ingressos são gratuitos:
Temporada no Espaço Cultural A Próxima Companhia
Quando: Semana 1 – dias 9, 10 e 11 de dezembro, sexta e sábado às 19h e domino às 17h
Semana 2 – dias 15, 16 e 17 de dezembro, quinta, sexta e sábado, às 19h
*dias 15 e 16, quinta e sexta-feira, às 19h; e dia 17, sábado, às 19h
Onde: Rua Barão de Campinas, 529, Campos Elíseos
FICHA TÉCNICA:
Palhaços, palhaças e palhaces:
ANA CAROLINA BARBOSA CAVALCANTE
FRANCIELLE DOS SANTOS PINTO
GABRIEL ROSA DA SILVA
GIOVANNA FREIRE PAGANINI DA SILVA
GIOVANNA MONTEIRO MENDES
IARA ILÁRIA PERRI
JAQUELINE DA SILVA CABRAL
JESSICA ESTRELA APOLINARO
LARISSA DA SILVA LIMA
LARISSA TRINDADE
LETTHICIA JOHANSON DE OLIVEIRA
LINCOLN DE LIRA CABRAL
LUIZ FELIPE DOS SANTOS PEREIRA
MARCELO SILVA DOS SANTOS
MARIA FERNANDA NUNES FERREIRA
NIRELY GOLZENLEUCHTER DE ARAUJO
SAMUEL MENDONCA ZANITTE
SOFIA ACÁCIA SANTOS KELLER
VAGNER FERREIRA DE MENEZES JÚNIOR
VICTOR HUGO MOTA SANTOS
VITORIA MAIA DA SILVA
Tutoria: Vanessa Rosa
Direção do exercício cênico: Val Pires e Tereza Gontijo
Orientador dramatúrgico: Rafael Cristiano
Orientador musical: Célio Colella
Orientador canto: Rani Guerra
Orientadora percussão: Fefê Camilo
Orientadora de figurino e adereços: Denise Guilherme
Figurinista: Denise Guilherme
Produtora executiva: Damaris Santos
SAIBA MAIS
Programa de Formação de Palhaços para Jovens
O PFPJ faz parte do Sistema de Formação e Prática Artística e tem como propósito oferecer uma formação artística e profissional gratuita, com foco na linguagem do palhaço e que visa ampliar o acesso de jovens em situação de vulnerabilidade e risco social ao repertório artístico cultural e inserção no mercado de trabalho artístico.
O programa tem duração de dois anos. A turma possui 25 alunos, que recebem bolsa-auxílio no valor de R$630 para custear transporte e alimentação, além de um acompanhamento artístico, pedagógico e social.
A metodologia utilizada na formação tem foco na experiência artística, com autonomia de criação, além de incentivar e disponibilizar conhecimentos práticos e teóricos para que os jovens possam implementar projetos sociais e culturais nas comunidades onde residem, incentivando ações de transformação social.