Neste mês o dr. Valdisney foi vítima de bullying, minha gente! Desde que conhecemos a B., ela pegou no pé, digo, nos cabelos do doutor.
Ok, por mais que ele diga que tem no currículo o fato de ser garoto propaganda de comercial de xampu, por causa da sedosidade e movimento das suas copiosas madeixas, a Dra. Emily sempre desconfiou que ele tenha sido contratado para fazer o “antes” do comercial.
Assim que o Valdisney entrou no quarto da B., ela arregalou os olhos e disse:
– Esse cabelo é peruca?
Com a resposta negativa do besteirologista, deste dia até a sua alta – que demorou quase um mês -, ela invariavelmente achincalhava seu cabelo! Puxou o cabelo para conferir se era peruca. Dizia:
– Nossa, não é possível! É de verdade mesmo.
A mãe não parava de repetir “Não fala assim, filha!”. Sem nenhum resultado. Ela pedia, ou melhor, mandava ele cortar a juba. Dizia que o cabelo do palhaço era bandido: quando não estava preso, andava armado!
– Não fala assim, filha!
Valdisney nem ligava, pois cuida daquele cabelo como ninguém e passa constantemente álcool gel nos cabelos, para dar brilho e forma; usa loção anti volume, inclusive no corpo, e, vejam só, está até emagrecendo!
– Eu faço comercial de xampu de tão lindo que é meu cabelo, se você quer saber!
E balançava a cabeça para mostrar o movimento do cabelo. A menina emendava:
– Só se for xampu de laranja, pois seu cabelo é um bagaço!
– Filha, não faz assim!
Ela não se conformava:
– Por que você não faz uma escova?
– Filha, para com isso!
E o Valdisney dizia:
– Eu faço sempre! Escova regressiva!
A menina, que tem as pontas dos cabelos pintados de vermelho, até ganhou uma música do dr. Dus’ Cuais:
Menina, seu cabelo é bom ♫♪
Pintado com crepom
Olhe no espelho
Seu cabelo é vermelho
Vermelho sem igual
Só você e o pica pau ♪♫
Mas nem assim ela amansou.
Valdisney se abalava? Nada! Tirou sua escova minúscula de pentear franja e dizia que era assim que gostava do seu cabelo, com a franja bem penteadinha pra trás.
– É muito feio, Valdisney!
Ele prendia seu cabelo todo num tufo bem no alto da careca.
– Nossa, dá pra piorar!
E devo concordar com a B., aquilo definitivamente não era bom!
Finalmente, chegou o dia da alta dela, e nessa relação de ódio bem correspondido, uma amizade se fez. Ela disse que sentiria saudades do Valdisney! Pode? O que dar de lembrança pra ela? Um tufo do cabelo dele, claro!
Ela ficou super feliz com aquele presente. Já o besteirologista não ficou tão feliz assim… Reclamou o dia todo que a dra. Emily tinha estragado seu corte, que tinha um buraco no seu cabelo, que estava sentindo mais frio do lado que cortou.
Ué, alguém notou?
Dra. Emily (Vera Abbud)
Dr. Valdisney (Val Pires)
Hospital Geral do Grajaú – São Paulo
Outubro de 2013