Doutores da Alegria apresenta O homem que fala, espetáculo adulto com direção de Celso Frateschi, a partir de 5 de outubro no Teatro Ágora, em São Paulo. No elenco, quatro artistas que, não por acaso, compõem hoje o núcleo de formação e pesquisa dos Doutores da Alegria, bem como planejam as atividades de sua Escola: Heraldo Firmino, Roberta Calza, Soraya Suri Saide e Thais Ferrara. As sessões acontecem aos sábados (19h) e domingos (17h) e estendem-se até o dia 10 de novembro, com ingressos a R$ 40. Adquira seu ingresso no site ingresso.com, na bilheteria do teatro ou pelo telefone (11) 3284-0290.
A peça oferece um novo entendimento sobre o que são a saúde e a doença e a importância da memória no desenvolvimento e no reconhecimento de si. A dramaturgia explora a condição humana e foi desenvolvida a partir da prática das improvisações, que é tônica da linguagem do palhaço.
O Homem que fala reflete sobre a atuação do palhaço no ambiente hospitalar, base do trabalho dos Doutores da Alegria. Nos encontros entre a criança e o palhaço, o lado saudável da vida é potencializado, de modo que a alegria predomine sobre a doença. O espetáculo é livremente inspirado na obra literária “O Homem Que Confundiu Sua Mulher Com Um Chapéu” do neurologista Oliver Sacks, com enxertos de “Quando O Homem Ajuda o Homem”, de Bertold Brecht.
É uma partitura gestual, onde algumas cenas evocam o absurdo, como um cavalo dança tango com sua parceira. Em uma sucessão de cenas, personagens sem nome tomam o palco: um fotógrafo desnivelado que expressa em fotos sua visão de mundo, uma mulher que observa pessoas e sem querer reproduz suas expressões, num mimetismo compulsivo e angustiante, outra que é tomada por lembranças aleatórias de um passado distante e ainda outra que constrói um universo fora da lógica dos outros.
“O hospital é a síntese de uma comunidade, uma vez que todos os problemas socioeconômicos culturais e de saúde entram por suas portas. E já que o hospital é o nosso território de ação, não passamos imunes a isso. Doutores da Alegria já traduziu essa vivência por meio de espetáculos infanto-juvenis, atividades culturais e através de sua Escola, mas sentimos a necessidade de fazer essa transposição para o teatro, para o público adulto, agora que completamos 21 anos de existência. Assim nasceu o espetáculo”, relembra Soraya Suri Saíde.
O cenário, com poucos elementos, tem sua tônica em imagens que serão projetadas nos atores em movimento, ambos assinados pelo cineasta Cesar Charlone, em rara incursão ao teatro. É dele também o desenho de luz, enquanto o figurino, de Sylvia Moreira, neutro, reforça a alternância de personagens e o estranhamento, remetendo à figura do palhaço e, com isso, valorizando a fragmentação e as situações propostas nos textos. A música original é assinada pelo maestro Marcello Amalfi.