O curso Palhaço para Curiosos, promovido pela Escola Doutores da Alegria, está com inscrições abertas. Apesar de não ser um curso voltado à formação de palhaços, o programa é um dos mais pedidos pelo público que acompanha a associação.
De acordo com Raul Figueiredo, artista-formador da Escola, o curso possibilita descobertas sobre as nossas próprias potências e fragilidades a partir de situações de jogos e brincadeiras.
Palhaço para Curiosos é realizado no modo presencial, na sede da associação, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. São oito encontros de três horas de duração cada, sempre às quartas-feiras, das 19h30 às 22h30, de 03 de agosto a 28 de setembro.
Ficou curioso? Confira a entrevista com Raul Figueiredo, artista-formador da Escola Doutores da Alegria.
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ENTREVISTA // RAUL FIGUEIREDO, ARTISTA-FORMADOR DA ESCOLA DOUTORES DA ALEGRIA
Em que se baseia o curso Palhaço para curiosos?
O curso é baseado em jogos relacionais. São jogos teatrais e brincadeiras de infância que tentam resgatar as relações, tanto a relação com você mesmo quanto com o outro. O jogo e a brincadeira exercitam a curiosidade, a descoberta, a possibilidade de rever diferentes perspectivas. Por exemplo: brincamos muito a partir da situação de autoridade estabelecendo o jogo do palhaço entre o palhaço que é mais ingênuo, o palhaço que é mais esperto, quem se dá bem, quem se dá mal. Vamos construindo metáforas que relacionam brincadeiras às situações que vivemos no dia a dia, transpondo a realidade do cotidiano ao universo lúdico por meio de improvisações.
Como lidamos com as nossas vulnerabilidades durante esses jogos?
Nesses jogos a gente reflete sobre situações que vivemos e não sabemos exatamente como elaborar. Por meio da brincadeira, vamos nos colocando no lugar do palhaço, o lugar da vulnerabilidade, entendendo a partir do outro coisas que nos afetam. A máscara do palhaço se completa em relação: na relação com o outro eu descubro as minhas potências, as fragilidades, como exerço autoridade. A gente aprende a rir de si próprio quando constata e enxerga no outro quem a gente realmente é.
Como são as aulas?
Cada encontro dura três horas. Sempre temos uma parte mais corporal, para sair daquela energia cotidiana, que você traz da rua. É necessário instaurar uma energia de jogo, interação e integração. Primeiro aquecemos as articulações, a musculatura, despertando partes adormecidas do corpo. Nas primeiras atividades de cada encontro trabalhamos jogos, dinâmicas de grupo, de reconhecimento do nosso corpo, das suas limitações, da existência do corpo do outro.
Os encontros têm espaço para música?
Sim! As brincadeiras com música trabalham principalmente a relação da escuta, resgatando memórias de infância, jogos rítmicos. Propomos exercícios para aguçar o olhar e a escuta, que trabalham percepção no espaço, como eu me coloco no espaço em relação ao outro. Em alguns jogos de improvisação, temos que saber quem a gente é, onde estamos e o que temos para fazer. Três perguntinhas: quem eu sou, o que faço e onde estou; e, a partir daí, surgem mais jogos e improvisações.
Você acha que este curso faz sentido para um aluno que trabalha no mundo corporativo?
Faz muito sentido! Quem trabalha numa empresa que possui relações hierárquicas, chefe, empregado, pares, lida o tempo inteiro com questões de autoridade. A partir dos jogos, trabalhamos a relação com a autoridade, como conseguimos ser empáticos, como nos colocamos no lugar do outro. Em determinado jogo, você vai exercer autoridade, no outro não, entendendo como é que você se comporta nesses lugares, como você reverbera, o que te deixa mais confortável ou desconfortável. A partir do jogo e da brincadeira você vai estabelecendo quais os limites que você tem na relação com o outro. O que estou fazendo que passa do ponto? Ou não? Como me posiciono? O jogo vai revelando um pouquinho do nosso caráter, inclusive na construção de personagem.
Temos construção de personagem no curso?
Sim! O curso não forma palhaço, não colocamos o nariz de palhaço, mas trabalhamos a construção de personagens. Usamos objetos, figurinos e adereços, por exemplo, para construir um personagem e esse personagem vai estar sempre em relação ao outro, brincando em jogos nos quais a empatia vai ser fundamental, a escuta, o olhar para o outro. E essas capacidades são fundamentais ao trabalho corporativo.
E para quem já é artista, vale a pena fazer o curso?
Muito! Mesmo para quem trabalha com arte, faz teatro, dança, as ferramentas da linguagem do palhaço desenvolvem a capacidade de percepção do mundo, de transposição do que a gente vive para uma linguagem artística, e de improvisação, tendo o humor como ferramenta. É um curso que trabalha a inteligência na relação, como eu me relaciono com a sociedade, com o outro, como eu vivo, por exemplo, uma situação, e elaboro isso artisticamente.
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