Há três semanas conheci uma luz que se chama A, ela tem 4 aninhos e estava entubada na UTI. Nesse mesmo momento, conheci também sua mãe e sua avó, que parece mais irmã de sua mãe do que sua avó.
Elas são naturais do Pernambuco e vieram pra cá há 23 anos. Quando a mãe de A. tinha a mesma idade que sua filha tem hoje, ela também teve câncer, fez alguns anos de tratamento e se curou.
Agora, A. está passando pelo mesmo tratamento. Sua avó ainda disse numa conversa que “o raio não cai duas vezes no mesmo lugar”, mas caiu sim com ela, pois a filha e a neta foram atingidas por esse raio num espaço de 20 anos de distância.
Sua avó e sua mãe foram deixadas pelos seus respectivos maridos, e desde sempre elas tiveram que lutar sozinhas para se manterem vivas. Elas são pretas retintas. Senti uma força inabalável vinda de sua avó enquanto conversávamos.
Durante toda essa conversa, sentia uma espécie de oração, uma ladainha, em forma de conversa. Me bateu forte, me emocionei, mas me contive.
Quando Emily começou um canto reza de proteção das Clarinas, aquilo pra mim foi como um ritual. Depois, nos despedimos desejando muita cura. Nessas três semanas, sempre em minhas orações, eu pedia e vibrava cura e proteção para A. e sua família de mulheres fortes e incansavelmente cheias de fé.
Hoje, A. ainda estava na UTI, mas não estava entubada. Ela estava acordada e conseguimos fazer ela sorrir e eu chorei de agradecimento e alegria.
Modupé
Asè.