Terça-feira, 10 de março de 2015.
Eu (Dr. Valdisney) e Dr. Sandoval entramos animados. No corredor de camas à direita do Pronto-Socorro Infantil, começamos os nossos atendimentos besteirológicos cama por cama. Perto da metade dos leitos, ouvimos uma voz de um jovem, muito forte:
– Ei, vagabundo!
Continuamos atendendo outra cama. Ele continuou, agressivo:
– Ei, vagabundo! Vagabundo!
Cheguei mais perto do menino e me direcionei ao Sandoval:
– Ô Sandoval, você já arrumou emprego?
– O que foi? Soltei um pum na minha vaga.. bunda!
Todos riram, inclusive o menino. Nós, palhaços, saímos correndo.
Quinta-feira, 12 de março de 2015.
No corredor da Pediatria, encontramos o menino novamente. Muito agressivo, tentou várias vezes dar chutes. Paramos e falamos com ele.
– Por que você quer bater na gente? Não te fizemos nada, viemos aqui pra brincar. Você não pode machucar as pessoas.
O menino olhou pra mim, abriu os braços e disse:
– Palhaço! Carinho! Me pega no colo.
Peguei o menino nos braços e ele ficou quietinho. Dançamos pelo corredor, dançamos muito… Às vezes, o carinho é o melhor remédio.
Terça-feira, 17 de março de 2015.
Encontramos o menino novamente na Pediatria. Ele continua chutando, mordendo, xingando. Mas também continua pedindo carinho.
Dr. Valdisney (Val Pires)
Hospital do Campo Limpo – São Paulo