O que a gente mais esquece, contudo não deveria esquecer, é que tudo pode acontecer na imaginação. Perdoe o extenso exame a seguir, mas eu, palhaço curioso, preciso saber:
Com quantos anos você parou de imaginar?
Foi com 10 anos? Com oito?
Lembra em qual aniversário você deixou de acreditar?
Talvez você consiga lembrar se era dia ou se era noite.
Se foi assim, de repente, ou foi acontecendo aos pouquinhos.
Você sorria quando parou de imaginar? Doeu?
Quem sabe não sentiu nada… E não sente nada até hoje?
Ou, lá no fundo, imaginar faz falta?
Eu tenho vontade de chorar toda vez que vejo uma criança imaginando! E, para não chorar de emoção, eu imagino junto com ela!
Tudo o que não existe pode existir na hora em que a gente imaginar. Veja: imagine um “crocodilossauro”, com cabeça de hipopótamo, pernas de canguru e asas de dragão. Imaginou? Pronto! Não existia, mas agora existe. Imagine um ornitorrinco rosa, vestido de bailarina, com pernas de avestruz e salto alto vermelho. Imaginou? Aí está ele.
Imagine agora dois palhaços, vestidos de jalecos, entrando em um hospital e jurando por A mais B que são médicos. Voilà! Aí está! Aqui estamos. E para sermos médicos basta a criança acreditar. Ou fingir que acredita.
Atendemos, fazemos perguntas de médico, exames e diagnósticos besteirológicos que funcionam. Não é à toa que palhaço começa com a mesma letra P de… Placebo.
Se você não entende o que é placebo, eu explico: é quando o remédio não é remédio, mas funciona se a pessoa acreditar nele. A gente é assim também: o médico que não é médico, mas funciona se a criança acreditar na gente. Se o próprio palhaço acreditar. Se a equipe disser que é médico, sim.
E, bem, se todos fecharem os olhos juntos para imaginar. Pra acreditar.