Imagine o seguinte cenário: dezembro, época do ano em que boa parte das pessoas estão começando a pisar o pé no freio e desacelerar da correria frenética do dia a dia.
Você começa a listar as últimas tarefas do ano e a preparar o momento mágico da noite de Natal. Enfeites iluminados e coloridos pela casa, roupas novas e presentes para as crianças, “o que será que podemos cozinhar para a ceia natalina?”.
As memórias de anos anteriores começam a soprar, surgindo junto com a saudade da mãe que está longe, dos irmãos e irmãs, das piadas do tio e de toda característica que faz a família ser única, ainda mais nesse momento de celebração.
Mas, e se esse preparo do mês fosse interrompido? E, pior, se essa época tão especial tivesse que esperar porque algum ente querido precisou ser internado em hospital?
Essa é a realidade de milhares de pessoas adultas e crianças espalhadas pelo Brasil. Seja qual for a condição de saúde, essas pessoas precisaram trocar a mesa farta pela angústia de um leito hospitalar.
Nos hospitais parceiros de Doutores da Alegria, os artistas atendem centenas de crianças nessa época do ano; estas, acompanhadas de seus respectivos responsáveis, longe da família e de todo o encanto natalino.
Como é o caso de Ana Carla Araújo, mãe de João Vitor Araújo. Ela, que tem dois outros filhos pequenos, está acompanhando o mais velho de 16 anos e deve passar o Natal longe da família, no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, em Recife. Para ela passar o Natal longe de casa será uma experiência complicada e difícil.
Assim como Ana Carla, outras mães, avós, tias, pais e demais responsáveis vão viver uma mistura de sentimentos e sensações neste Natal.
Mas, será que existe espaço nos hospitais para algum momento de celebração?
Além das visitas rotineiras nos hospitais públicos, as palhaças e palhaços de Doutores da Alegria aproveitam o mês para deixar os corredores hospitalares mais coloridos.
A ação acontece anualmente e celebra o Natal com brincadeiras, cantos, apresentações teatrais e músicas autorais que brindam a festividade. Cada hospital terá uma celebração diferente, adaptada à realidade e cultura regional.
A coordenadora de Enfermagem UTI Neonatal e Saúde da Mulher, Joana Cardoso, do Hospital Santa Marcelina, em São Paulo, diz que o medo, a ansiedade e a preocupação abrem espaço para sorrisos largos, brincadeiras e tranquilidade.
“A música para mim tem poder de amenizar a tensão, diminuir o stress, relaxar, estimular boas memórias e a renovação da esperança”, disse a profissional.
Essa visita natalina de Doutores da Alegria faz parte da prática humanizada de atendimento realizado pelo hospital, que também realiza outras ações que remetem ao Natal.
Apresentações natalinas de Doutores da Alegria nos hospitais
Para que os cortejos natalinos aconteçam nos hospitais, os besteirologistas da organização preparam figurinos diferentes do jaleco branco, encenam peças e ensaiam canções típicas do Natal, tudo delicadamente pensado para os pequenos internados.
Os ensaios e preparos começam bem antes de dezembro. Para a atuação no Hospital Getulinho, do Rio de Janeiro, por exemplo, os artistas do elenco realizaram encontros para traçar um repertório que unisse os jogos cênicos do dia a dia com itens e assuntos temáticos.
As apresentações são prestigiadas por todas as pessoas que estão presentes no hospital, dos pequenos à equipe que trabalha no hospital.
“É um momento que a gente esquece, até mesmo os profissionais, que esquecem um pouquinho da sua rotina. Mas aquele momento, ali, lúdico, a gente vê no rosto das crianças, dos pacientes, até dos mais idosos, o quanto faz diferença naquele dia, dele sair um pouquinho da realidade da doença e do hospital”, disse Aline Monçores Fachas, diretora de enfermagem do Hospital Adão Pereira Nunes, do Rio de Janeiro, sobre os cortejos.
Nessa época, a arte contribui para um impacto positivo em um ambiente onde crianças e famílias se encontram, transformando um lugar adverso como o leito hospitalar.
A Ana Carla Araújo, a mãe do João Vitor que você já conheceu neste texto, se sentiu tocada e refletiu sobre as apresentações do Auto de Natal que acompanhou pela primeira vez:
“Natal é amor, é carinho, é a família reunida, né? Fiquei muito feliz [em ver Auto de Natal], é um momento de alegria, né? Tanto para gente como, principalmente, para eles que estão internados. Passa um filme na sua cabeça sobre a sua família, o sentido, né, da família do natal. Foi muito bom”.
Junte-se a nós na campanha “celebre o Natal onde estiver” e ajude-nos a tornar o Natal de crianças hospitalizadas mais especial. Clique aqui e faça uma doação!