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Marcio Douglas
Ator e diretor. Atua como Dr. Mané Pereira na Doutores da Alegria, em São Paulo, desde 2004.
Nosso trabalho nos hospitais tem como pilar a ludicidade e o riso. O primeiro se manifesta no encontro, proporcionando um ambiente de brincadeiras, invenções e tudo ligado à criação com alegria, principalmente com as crianças.
O segundo pilar é mais técnico, está ligado à capacidade cognitiva, às referências pessoais e coletivas e é fruto de pesquisa e treinamento do artista ligado a tudo isso. E a união desses pilares é a medida de um encontro potente.
Mas, no dia a dia, esta balança está sempre em busca de um equilíbrio. Ora o encontro pede mais de um do que do outro, ora o artista opta mais de um do que o outro.
Era um dia especial, estávamos trabalhando em trio: Dr, Chabilson, Dra. Xamanga e eu, Dr. Mané. Havíamos passado por alguns setores e nossa escuta para o jogo estava boa.
Entramos em um quarto onde havia um adolescente e sua mãe. Diante desse quarto, introduzi uma história já feita muitas vezes com parceiros diferentes e que sempre funcionava. Sim, eu optei pelo riso.
E a brincadeira consistia em estranhar a presença de um adolescente na pediatria e perguntar à mãe se ele era o seu “bebê” – e as mães carinhosamente respondiam que sim. Mas nós, besteirólogos, precisávamos realizar alguns testes para constatar se o adolescente, ou jovem adulto, era ou não um bebê.
Neste teste, balbuciamos, falamos bebenês (linguagem de bebê), escondíamos o rosto… enfim, brincadeiras que só fazemos com bebês. E aguardávamos se o jovem se divertia ou não. Se ele ria, era bebê mesmo, e se não, falávamos para a mãe que o “seu bebê” já havia crescido.
Pois bem, nesse dia, o jovem ficou sério e esboçou um sorriso como se não achasse graça da piada e, diante desta leitura, constatamos que ele não era mais bebê. Quando fomos falar com a mãe para explicar o óbvio, ela seriamente nos disse que seu filho tinha uma condição que afetava sua cognição, então, era como se ele ainda fosse um bebê, apesar de ter crescido, principalmente para ela.
O constrangimento tomou conta daquela sala. Saímos tentando entender o que aconteceu, onde a leitura estava errada e discutimos o assunto trocando de roupa para ir embora, no almoço e na saída do estacionamento.
Na outra semana, estávamos novamente no fim da pediatria. Entramos em um quarto e quem estava lá? O jovem e sua mãe. Ele ficou feliz em nos ver, se aproximou e observou nossa roupa, nosso cabelo, nossos olhos.
Tirei uma caixinha de música com a canção “La Boheme”, girei a manivelinha e, ao ouvir a canção, ele deu um belo sorriso. Deixei que ele tocasse a caixinha. Tudo isso feito no tempo da ludicidade, que é o tempo do encontro.
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