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A rima besteirológica da Dra. Matilde

1 de novembro de 2023
Tempo de leitura: 2 minutos

Leticia Medella (Dra. Matilde)

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A nossa máscara é vermelha e no corpo todo ela está.

Nosso corpo é um instrumento, capaz de mundos criar.

O que treina um(a) palhaç@?  Uma nova forma de olhar.

Pra quê? Pra onde? Pra qualquer lugar?

Mais importante que a resposta, o melhor é perguntar.

Seus corpos, palavras e habilidades dão forma a esse novo olhar.

E as habilidades, de palhaç@ pra palhaç@, podem variar:

tem @s que mexem as orelhas, envergam os olhos e fazem sons de se admirar.

Tem @s que trocam as palavras, engolem mosca, embolam as pernas e isso é dançar.

Só sei que eu, Matilde, não sabia rimar. E no treino de palhaço eu passei a me aperrear.

Passei a tarde treinando e nem uma rima sequer consegui emplacar.

Até que um dia encontrei Ráh. Seu sorriso soltou minhas rimas e não consigo mais parar.

E não pensem vocês que é só rima no infinitivo.

Rimo com “ando”, “el” e “ó”, agora todo tipo de rima eu cultivo.

 A rima é a possibilidade de palavras desencaixotar.

Achar uma palavra que sirva à rima, é brincar de se arriscar

Pois quando a sua hora de rimar vai chegando

todas as palavras da cabeça saem voando.

Mas eu insisti e não quis desistir, pois a rima dá graça às palavras e me faz rir.

Às vezes dá certo, às vezes nem tanto, mas o Ráh me inspira a continuar arriscando.

Palhaç@ só existe em relação. Se não fosse o Ráh, essas rimas não saíam, não.

A Matilde tá no hospital porque precisa.

O hospital exige muita atenção, escuta e pesquisa.

O seu sapato grande tem que ter delicadeza onde pisa.

Mas não só por isso ela está lá.

Os encontros que o hospital promove acabam por dentro dela transformar.

“Transver” o mundo no lugar da brincadeira, onde a bobeira impera e nos faz criar outros caminhos e possibilidades, desse mundo se transformar.

Chamo de mundo não só o vasto, mas aqueles pequenos que criamos dentro de nós.

Uma ação inaugura um mundo quando à imaginação damos voz.

O hospital tem regras como toda instituição e o palhaço tem suas regras também, e uma delas é a subversão.

Sem questionarmos o que estamos acostumados a ver, não há possibilidade de transformação e de crescer.

Ver as coisas pelo prisma do humor não significa ignorar a dor.

O riso é consequência do seu ridículo, “tropeços” e defeitos, pode acontecer ou não.

O que importa não são os efeitos.

Tudo o que importa está na relação, e essa pode ser construída até através de um não.

Tudo vira jogo se assim puder.

Um jogo que participa quem quiser.

O palhaço vai provocar a partir daquilo que você tiver pra dar.

Rimar também cansa, então agora vou parar.

Espero ter contribuído um pouco com esse meu olhar.

Quis compartilhar também minha experiência com o Ráh.

Que tem poderes inimagináveis de fazer rimar mesmo sem nada falar.

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artístico, encontros, encontros de hospital, hospital, palhaço, rima, rimar, saúde

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