. O eclipse dentro do quarto hospitalar – Doutores da Alegria

Para melhor visualização do site, utilizar navegador Google Chrome.

Blog

Opinião

O eclipse dentro do quarto hospitalar

18 de março de 2024
Tempo de leitura: 2 minutos

Anderson Machado

Ator, palhaço, malabarista, músico e cenógrafo. Atua como Dr. Cavaco na Doutores da Alegria, em São Paulo, desde 2010.

Comentario 0
Compartilhar 0

Foi em um dia de eclipse, onde o sol encontra a lua, que encontramos o Miguel. Ele, com seus 8 anos, estava deitado na cama, emburrado e com a cara fechada. A nossa chegada no quarto não causou nenhuma mudança em seu humor e, curiosos, fomos perguntar para mãe o que tinha acontecido.

Ela nos disse que ele estava triste porque não ia poder ver o eclipse naquele dia. Ele estava estudando os planetas na escola, as estrelas, o eclipse e justo na semana do encontro da lua e do sol, ele precisou ser internado.

Tentamos de tudo para interagir com ele, mas não teve jeito. Fui para casa pensando o que poderia ser feito. Pensei em filmar para mostrar pro Miguel mas o céu estava tão nublado que foi impossível visualizar o eclipse a olho nu da minha casa.

Enquanto refletia em casa, me lembrei de duas lanternas que eu tinha, uma de luz amarela e outra de luz branca. Assim, coloquei o sol e a lua na mochila e, no dia seguinte, fui para o hospital fazer nosso plantão besteirológico como de costume.

Quando chegamos no quarto do Miguel, ele nos viu e, mais uma vez, virou para o lado, como se não quisesse papo. Então eu disse:

Dr Pistolinha, você sabia que hoje vai ter outro eclipse no Brasil?

– É mesmo, Dr. Cavaco? E dá pra ver aqui do Hospital?

– Dá, sim! E ouvi dizer que o melhor lugar para se observar vai ser no quarto do Miguel.

Oi, senhora, você sabe me dizer onde fica o quarto do Miguel? Então, a mãe respondeu sorrindo:

– É aqui mesmo!

– Eba! Que legal! Que sorte a nossa estar aqui! Parece que vai começar às 10h35. Que horas são, Dr. Pistolinha?

– São 10h35, Cavaco! Vamos apagar a luz para ver melhor. Posso apagar, Miguel?

O menino, que já nos olhava curioso, permitiu que a luz fosse apagada e ficou esperando o eclipse conosco. De repente, o sol apareceu no teto do quarto, foi se movimentando pelo espaço até que encontrou a lua saindo do banheiro.

O sol perseguiu a lua por todos os cantos, e ela sempre fugindo. Dr. Pistolinha narrou a perseguição como se fosse um jogo de futebol, enquanto Miguel ria da situação. A Lua foi parar na cama do menino, acreditam?

Miguel pisou na lua, se movimentou em câmera lenta, pegou ela, jogou de um lado para outro, fez malabares e enquanto brincava com ela, chamou o sol para sua cama também.

O astro foi se aproximando devagarinho e finalmente se encontrou com a lua. Os dois juntos subiram para o teto do quarto e ficamos contemplando por um tempo o sol e a lua dançando juntos.

Teve até uma enfermeira que parou para ver o eclipse conosco. Assim, com o sorriso do Miguel aberto, abrimos a porta do quarto para lua sair, o sol saiu pela janela e nós saímos contentes por termos visto o primeiro eclipse em um quarto de hospital.​

5
1
vote
Article Rating


Categorias


Lá do arquivo

Anderson Machado

Ator, palhaço, malabarista, músico e cenógrafo. Atua como Dr. Cavaco na Doutores da Alegria, em São Paulo, desde 2010.


Postado em:

Histórias de hospital

Tags

artístico, eclipe, encontro, hospital, Lua, palhaço, saúde, sol

Receber notificação
Notificação de
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
Existe 0 Comentário.